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Candidatura de Trump é fruto da riqueza concentrada, diz Mujica

Em seu discurso, o ex-presidente uruguaio lamentou que o poder político esteja a serviço da concentração econômica de uma minoria

Mujica: ele declarou ainda que Trump não lhe assusta, "mas as pessoas que o apoiam" sim, (Norberto Duarte/AFP)
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EFE

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 17h56.

Roma - O ex-presidente do Uruguai, José Mujica , criticou nesta sexta-feira em Roma que a política esteja a serviço da concentração econômica de poucos e disse que isso propicia o populismo e permite que Donald Trump possa concorrer à presidência dos Estados Unidos.

Mujica participou hoje em uma jornada organizada pelo III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que se reúnem nestes dias em Roma e que serão recebidos amanhã pelo papa Francisco.

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Em seu discurso, o ex-presidente uruguaio lamentou que o poder político esteja a serviço da concentração econômica de uma minoria e opinou que existe uma "globalização que é tão concentradora do lucro em favor de pouca gente, que está estagnando as expectativas de vastíssimos setores de classe média que se veem na incerteza".

"São os eleitores de Trump, os que dizem 'França para os franceses', 'Inglaterra para os ingleses", comentou.

"Pertencem a esse mundo de classe média trabalhadora de bons salários que vai sumindo na incerteza e se vai somando a essa dinâmica de que a culpa é da China, do México, dos imigrantes, dos sírios... em cada lugar uma literatura que o mundo já viveu nos anos 30", acrescentou.

Mujica declarou ainda que Trump não lhe assusta, "mas as pessoas que o apoiam" sim, porque o candidato republicano "vai passar, mas essa gente vai continuar ali".

"A imagem (de Trump) é tão grotesca que você sente até uma suave afinidade com a senhora (Hillary) Clinton, que é uma mulher bastante conservadora", reconheceu.

Com relação ao papa, Mujica opinou que Francisco está dando um novo sentido à concepção do cristianismo e afirmou que com seus discursos a favor dos pobres "honra sua igreja, mas honra também a humanidade inteira".

"Alguém dirá que são apenas discursos (...), mas tem uma importância que sejam ditos por ninguém menos que o papa", concluiu.

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