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Campanha eleitoral atípica no Chile com fantasma da abstenção

Apesar da vantagem nas pesquisas, a possibilidade de uma vitória de Piñera no primeiro turno é pequena, já que os votos estão fragmentados com 8 candidatos

Piñera: "Piñera fez uma campanha na qual fala como presidente, não como ex-presidente", disse uma estudante (Ivan Alvarado/Reuters)

Piñera: "Piñera fez uma campanha na qual fala como presidente, não como ex-presidente", disse uma estudante (Ivan Alvarado/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 16h26.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 16h34.

A nova lei eleitoral impede a publicidade nas ruas e limita os gastos de campanha. A três dias da votação, os chilenos demonstram indiferença com a eleição que pode levar novamente a direita ao poder, com o temor de um elevado índice de abstenção.

No centro de Santiago, quase nada permite imaginar que no domingo 14,3 milhões de chilenos estão convocados a votar para escolher o sucessor da socialista Michelle Bachelet e renovar o Congresso.

"Considero esta eleição muito fria na comparação com outras. As pessoas estão preocupadas com outras coisas", disse à AFP Marcos Dávila, professor aposentado, em uma entrevista no coração da capital.

Com voto facultativo desde 2012, as pessoas "não querem votar porque na realidade ninguém acredita em uma mudança substancial em quase nada. Além disso, acham que já sabe, quem será o presidente", afirma Catalina Gascone, estudante de 19 anos, em referência à vantagem do ex-presidente Sebastián Piñera nas pesquisas.

"Piñera fez uma campanha na qual fala como presidente, não como ex-presidente", completa.

O empresário que governou o Chile entre 2010 e 2014 lidera a pesquisa mais recente do Centro de Estudos Públicos (CEP) com 34,5% das intenções de voto, seguido pelo senador governista Alejandro Guillier, com 17,5% das preferências.

Apesar da vantagem, a possibilidade de uma vitória de Piñera no primeiro turno é pequena, já que os votos estão fragmentados com oito candidatos na disputa.

Em meio ao debate sobre se a nova lei eleitoral beneficiará a atividade política em si, com a redução da interferência do dinheiro, a imagem limpa das ruas do país e da cidade de Santiago - um contraste com eleições anteriores e os cartazes pendurados até em semáforos - é elogiada pelos chilenos.

Neste ano, além dos debates entre os candidatos exibidos na televisão e da propaganda partidária duas vezes ao dia no rádio na TV, a batalha pelo voto acontece nas redes sociais.

Piñera tem quase 2,5 milhões de seguidores no Twitter e Facebook, enquanto Guillier registra pouco mais de 300.000.

Mas a grande protagonista de domingo pode ser a elevada taxa de abstenção, como aconteceu nas últimas eleições municipais, com participação de apenas 36% dos eleitores.

Para evitar a repetição, o governo criou uma campanha para estimular o comparecimento às urnas.

Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que alertou sobre a baixa participação eleitoral no Chile, concluiu que "o descontentamento dos cidadãos com as eleições é um problema que se arrasta desde a década de 1990, mas que aumentou desde que o voto passou a ser facultativo".

No Chile "existe um distanciamento entre a população e a política" e o mal-estar aumentou com os "problemas de corrupção e a queda de confiança" nas instituições, destaca o informe.

Nos últimos anos, casos de financiamento irregular na direita e na esquerda minaram a confiança dos chilenos na política. A situação piorou depois que a nora de Bachelet foi processada por um caso de corrupção.

"As pessoas pensam que independente do voto, o eleito será um ladrão", resume Pía Meneses, estudante de 22 anos.

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