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Bunker soviético, armas para todos e falta de planos; livro detalha início da Guerra na Ucrânia

"O Showman" conta bastidores do conflito a partiir da perspectiva do presidente Volodimir Zelensky

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky (AFP/AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 06h01.

O que fazer quando seu país está sendo invadido e você é o presidente? Foi a situação vivida por Volodimir Zelensky na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, quando a Ucrânia foi invadida por tropas russas em várias frentes.

O livro "O Showman", do jornalista da revista norte-americana Time Simon Shuster, traz um relato detalhado de como foram as primeiras horas do presidente e do governo em meio à invasão, para a qual eles não estavam devidamente preparados. A obra será lançada em 26 de fevereiro no Brasil, pela editora Record.

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Zelensky, assim como parte do governo, acreditava que a Rússia estava blefando ao posicionar milhares de soldados nas fronteiras da Ucrânia. A invasão de um país europeu por outro não ocorria há décadas. Assim, apesar dos alertas dos Estados Unidos de que uma ação russa era iminente, houve choque quando os primeiros soldados russos cruzaram a fronteira.

O livro retrata o primeiro ano de guerra e, em paralelo, conta a trajetória de Zelensky, um comediante famoso que se elegeu presidente em um momento de revolta contra a política tradicional, e explica como as relações entre Rússia e Ucrânia foram se complicando ao longo de anos, até culminar em uma guerra total.

Abaixo, veja seis momentos da guerra retratados no livro:

"Mais de um ano?"

No 55º dia de guerra, Zelensky perguntou ao autor do livro quando ele pretendia concluir a obra. Shuster responde que planejava registrar o primeiro ano de guerra. "Acha que a guerra vai durar mais de um ano?", questionou Zelensky, abatido.

Zelensky não assumiu o comando direto da guerra

O presidente se concentrou em buscar auxílio de outros países e em motivar a população. As decisões táticas no campo de batalha ficaram a cargo dos chefes das Forças Armadas. Zelensky não tinha experiência em estratégia militar, e achou melhor usar suas habilidades de comunicador para atrair atenção global ao país e engajar os ucranianos a resistir.

Governo decretou lei marcial e deu armas aos cidadãos

Às 6h da manhã do dia da invasão, que começou às 5h na hora local, Zelensky se reuniu com o Conselho de Segurança e decretou Lei Marcial: a regra deu mais poderes ao presidente, suspendeu eleições e atividades do Parlamento e determinou que todos os civis com idade entre 18 e 60 anos teriam de se alistar e não poderiam deixar o país.

A lei também determinou a entrega de armas aos cidadãos, para ajudarem a defender o país. Qualquer pessoa que quisesse um rifle poderia ir buscar em um posto de distribuição. A medida também era uma forma de evitar que os russos tivessem acesso a uma grande quantidade de armas caso tomassem o controle de depósitos.

Líderes estrangeiros sugeriram a Zelensky que desistisse e fugisse

O presidente ucraniano recebeu diversas ligações de líderes estrangeiros nas primeiras horas depois da invasão, e vários deles disseram que seria melhor negociar os termos de uma rendição da Ucrânia. Alguns também ofereceram asilo para Zelensky e a família. Havia medo de que os russos chegassem a Kiev em poucos dias e matassem o presidente.

Zelensky ficou em bunker construído pelos russos

O governo da Ucrânia possui um bunker muito robusto, capaz de resistir a um ataque nuclear, e Zelensky e outros membros do governo passaram a viver e trabalhar dali no começo da guerra. O bunker foi feito na época da União Soviética, o que trazia a vantagem de ter alta qualidade técnica. "A União Soviética jamais conseguiu produzir um automóvel competitivo no mercado global, mas tinha a capacidade de construir bunkers", escreve o autor. "A desvantagem era que o bunker havia sido projetado em Moscou. Em algum lugar nos arquivos da KGB, os russos provavelmente tinham as plantas do projeto, e saberiam até a posição do vaso sanitário presidencial."

Sede do governo teve defesa improvisada

O governo não tinha um plano claro para defender a sede presidencial em um cenário de risco de invasão russa. Assim, no primeiro dia da guerra, foram criadas barreiras improvisadas, como um caminhão velho com minas explosivas. "Uma entrada para o prédio da rua Bankova (sede da Presidência) foi bloqueada com uma mesa, dois bicicletários e alguns escudos de metal, objetos que não resistiriam a um projétil, nem mesmo a um empurrão forte", narra o livro.

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