Mundo

Brasileiros começam a deixar o Nepal após terremotos

Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter, e outro ontem (26) de magnitude 6,7


	Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter, e outro ontem (26) de magnitude 6,7
 (Reuters)

Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter, e outro ontem (26) de magnitude 6,7 (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2015 às 11h34.

Brasília - Apesar do tumulto e do congestionamento de voos, o aeroporto de Katmandu, capital do Nepal, voltou a funcionar e os brasileiros que estão no país começam a voltar ao país nos próximos dias, após os terremotos que ocorreram no Nepal. A Agência Brasil conversou com o brasileiro Silvio Aparecido Pereira da Silva, que mora no país asiático.

Ele explicou que está com um grupo de 32 brasileiros em Katmandu, em contato com a embaixada brasileira, mas disse que existem brasileiros em outras localidades.

Do grupo, terão prioridade de embarque para deixar o país uma família com um bebê de 12 dias, uma mãe com duas crianças pequenas, de 2 e 4 anos, e algumas pessoas mais idosas.

“Estivemos na embaixada e a equipe estava tentando informar o Itamaraty sobre os brasileiros mas não tinha internet. A comunicação está difícil mas estamos sendo bem atendidos, na medida do possível”, disse Silvio.

Segundo ele, apesar do clima de destruição, a cidade e o povo nepalês estão aparentemente calmos. “As lojas estão fechadas, os serviços estão precários, em alguns momentos eles funcionam, não tem energia elétrica. Ontem ela [a energia] voltou por um tempo e depois caiu. Há falta de água. A escola onde estamos acampados têm duas quadras, cedemos uma para a comunidade e na outra estamos com mais de 200 crianças. Ganhamos um cabrito hoje de alguns hindus para poder comer”, contou Silvio.

Ele e a esposa trabalham com as organizações não governamentais Missão Cristã Mundial e Mobilização Mundial, em uma casa de acolhimento para crianças traficadas no Nepal.

A escola da organização também atende crianças da comunidade. Segundo Silvio, a estrutura de atendimento do governo nepalês é muito ruim.

“O governo é ineficiente e precário, nessa situação eles têm boa vontade mas não tem estrutura. Se eles conseguirem reestabelecer água, energia e desbloquear as estradas já vai ser ótimo”.

Silvio mora no Nepal com a esposa Rose e os dois filhos e, segundo ele, vão ficar para continuar a ajudar o povo nepalês na reconstrução do país. “Minha filha de 9 anos, que é nepalesa, está muito assustada, mas eles [os filhos] querem ficar mesmo com medo. O terremoto foi terrível, a lembrança é terrível”, disse.

Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter, e outro ontem (26) de magnitude 6,7. Os abalos provocaram a morte de mais de 3,2 mil pessoas, até o momento, segundo a Organização das Nações Unidas.

De acordo com Silvio, além dos dois tremores principais, dezenas de réplicas do terremoto foram sentidas até duas horas depois dos primeiros episódios.

“É assustador, durante a noite ainda sentimos tremores leves. Uma pessoa fica de vigília com um sino, para tocar se houver um tremor mais forte durante a madrugada. Mas hoje senti que eles diminuíram. A minha impressão é que o pior já passou”, relatou o missionário.

Durante o primeiro terremoto, no sábado, Silvio conta que só conseguiu reunir sua família após três horas. “Minha esposa estava em casa, eu estava com meus filhos dirigindo para a igreja e o chão começou a tremer, foi assustador. As crianças na escola disseram que o prédio mexia como se fosse gelatina e, mesmo com treinamento que elas recebem, desceram desesperadas pelas escadas. Fui passando por lugares desmoronados, com as pessoas andando pelas ruas; abriram rachaduras nas estradas. Várias de nossas crianças perderam parentes. Conseguimos reunir a nossa família três horas depois, foi assustador”.

O missionário explicou que, apesar das diferenças religiosas no país, que tem grupos hindus, budistas e cristão, há muita solidariedade.

“Ontem os hindus aceitaram comer conosco, nos doaram o cabrito, as pessoas estão se ajudando, pessoas de castas [níveis sociais] diferentes ajudando uns aos outros. Apesar da tragédia, há solidariedade. E quero tranquilizar as pessoas no Brasil, diga que estamos bem”, finalizou.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDesastres naturaisNepalTerremotos

Mais de Mundo

Trump escolhe Howard Lutnick como secretário de Comércio

Ocidente busca escalada, diz Lavrov após 1º ataque com mísseis dos EUA na Rússia

Biden se reúne com Lula e promete financiar expansão de fibra óptica no Brasil

Xi Jinping defende ações da china para desenvolvimento sustentável no G20