A multinacional Areva é um dos parceiros na construção de Angra 3 (INFO)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 08h12.
Brasília - O governo brasileiro já negocia a venda de combustível para usinas nucleares da China, da Coreia do Sul e da França. As negociações têm por base a perspectiva de aumento do número de usinas nucleares no mundo e o alto preço alcançado pelo combustível no mercado internacional. Apesar das negociações, ainda não há uma decisão oficial sobre a produção de urânio enriquecido para a exportação.
O Brasil tem uma das maiores reservas de urânio do mundo e domina a tecnologia de produção do combustível, ainda em pequena escala. Os contatos com autoridades e empresários da área de energia da China, da Coreia do Sul e da França aconteceram no fim do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo relatório de viagem a que o Estado teve acesso.
O país apresentou a proposta de venda de elementos combustíveis para as 30 novas usinas em construção na China e para os clientes da multinacional francesa Areva, maior produtora de urânio enriquecido do mundo e parceira na construção de Angra 3. Os contatos coincidiram com a conclusão de estudo sobre a viabilidade do enriquecimento de urânio no Brasil, feito pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo, ainda inédito, recomenda fortemente a produção de excedentes de urânio enriquecido para a exportação e estima que o país poderia faturar US$ 1,5 bilhão por ano nesse mercado, uma alternativa não admitida até aqui oficialmente pela cúpula do governo. As conclusões apontam a oportunidade de aliar as grandes reservas brasileiras ao domínio da tecnologia de enriquecimento, de olho no mercado externo.
“A queda de braço entre fornecedores de urânio natural e fornecedores de serviços de enriquecimento favorece o segundo grupo, mas beneficia ainda mais aqueles que puderem operar integrados”, afirma o texto. O estudo defende pressa para que o país entre no mercado internacional em quatro anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.