Membro do Exército livre da Síria: conferência abre "possibilidade de uma solução política", disse mediador (Muzaffar Salman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2013 às 12h29.
Genebra - A realização da conferência de paz para a Síria, chamada "Genebra 2", é possível porque a comunidade internacional, assim como o Governo e a oposição, aceitam finalmente "a possibilidade de uma solução política", opinou nesta sexta-feira o mediador neste conflito, Lakhdar Brahimi.
Ele também afirmou que as suspeitas do uso de armas químicas contra civis sírios constituem uma mostra do perigo que esta crise representa não só para este país, mas para a região e o mundo inteiro.
"O que ocorreu, esta denúncia que foram utilizadas armas químicas a poucos quilômetros do coração de Damasco é um feito com que enfatiza a importância desta crise e do perigo que representa, não só para o povo sírio, mas para a região e o mundo", disse Brahimi em Genebra.
Nesta cidade, o mediador e parte de sua equipe instalaram seu "quartel-general" para avançar - do ponto de vista diplomático e logístico - na preparação da conferência de paz que a ONU organiza por iniciativa de Rússia e Estados Unidos, mas cuja realização vem sendo atrasada desde junho.
Horas antes da declaração do mediador, seu porta-voz, Jawla Mattar, disse que o ataque registrado há dois dias no bairro de Guta, na periferia de Damasco, demonstra - para Brahimi - a urgência de realizar o mais rápido possível a conferência de paz, na qual devem participar representantes do regime de Bashar al-Assad e dos grupos de oposição mais representativos.
Sobre sua decisão de se instalar com seus mais próximos colaboradores em Genebra, Brahimi disse que tinha planejado isso para a "última fase preparatória" da conferência de paz, que achava que poderia acontecer em setembro, embora agora a previsão mais realista seja outubro.
"Genebra 2" é a continuação da primeira conferência de paz para a Síria que aconteceu também em Genebra em junho de 2012, e da qual surgiu uma declaração que estabelecia que uma solução política para a crise devia passar pela criação de um órgão de Governo transitório.
Delegações de alto nível de EUA e Rússia se reunirão na próxima quarta-feira em Haia (Holanda) a fim de aproximar suas posições e tentar fixar uma data definitiva para "Genebra 2".
Para isso, deverão superar um desacordo fundamental relativo à participação do Irã, uma exigência da Rússia que choca com a negativa dos EUA.
O Irã é considerado um aliado vital para o Governo sírio, mas o convite para a conferência de "Genebra 2" também recebe a oposição dos países árabes, com Arábia Saudita à frente.
Um aspecto que ainda não tinha amadurecido nas reuniões anteriores preparatórias da conferência era a representatividade da oposição síria, muito dispersa e que tem componentes armados e não armados, com presença dentro e fora da Síria, mas da qual praticamente se exclui que possam fazer parte grupos extremistas considerados como terroristas em listas internacionais.
A formação de uma delegação da oposição suficientemente representativa avançou desde a última reunião preparatória, asseguraram fontes do entorno de Brahimi.
Depois da reunião de Haia da próxima quarta-feira - caso tenha sido fixada uma data ou não para a conferência de paz - Brahimi convocaria uma reunião tripartite (EUA, Rússia e ONU) em Genebra para finalizar os preparativos para "Genebra 2", disseram fontes da ONU.