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Bolívia enfrenta eleições mais acirradas da historia do país

Pesquisa mostra que o presidente Evo Morales lidera as pesquisas com 32,3%

Bolívia: eleitores vão às urnas neste domingo (20) (Adriano Machado/Reuters)

Bolívia: eleitores vão às urnas neste domingo (20) (Adriano Machado/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 11h39.

Os bolivianos comparecem às urnas no domingo para eleições com final em aberto e talvez as mais disputadas da história, nas quais Evo Morales, favorito para um quarto mandato, enfrenta o centrista Carlos Mesa, único adversário capaz de forçar o segundo turno.

As pesquisas mais recentes aponta a vantagem de Morales, porém muito distante da ampla maioria registrada desde sua primeira vitória em 2006 e em duas reeleições, nas quais não deu chances aos rivais. Uma sondagem da universidade estatal mostra o presidente com 32,3% e Mesa com 27%.

Morales dedicou a última parte da campanha a tentar ampliar a vantagem para manter a hegemonia na Assembleia Legislativa Plurinacional (ALP), como nos últimos dois mandatos, o que permitiu a imposição de suas políticas.

Seu objetivo, declarado em algumas ocasiões, é alcançar 70% dos votos válidos na eleição, para a qual estão convocados 7,3 milhões de bolivianos.

A decisão de Morales de disputar um novo mandato é mal vista por um segmento da população e muito criticada pela oposição, que considera que uma vitória do presidente colocaria a Bolívia no caminho da autocracia.

Morales, 59 anos, foi beneficiado por uma decisão do Tribunal Constitucional de 2017 que o habilitou a disputar a reeleição de modo indefinido, alegando que este é um direito humano, apenas um ano depois da derrota do presidente em um referendo que consultou a população sobre o tema.

Mesa, que conseguiu reunir o apoio de políticos que vão da esquerda até a direita radical, é o único dos oito opositores na disputa com a capacidade de encerrar o governo de Morales, que já dura quase 14 anos.

O historiador e jornalista de 66 anos recebeu o apoio de parte do eleitorado com o lema do "voto útil", contra o "voto seguro" defendido por Morales.

"Acredito que tudo pode acontecer", declarou Amaru Villanueva, que coordena um projeto de análise eleitoral da fundação Friedrich-Ebert-Stiftung (FES)-Bolívia.

Indecisos na mira

De acordo com dados comparativos elaborados pela FES, Morales receberia 44% dos votos e Mesa 32%. Mas o índice de indecisos é elevado, 11%, o que deixa o cenário imprevisível.

"Alguns afirmam que decidem o voto no dia da eleição. Então temos que analisar com muito cuidado o que dizem as pesquisas", alerta Villanueva.

Cálculos da imprensa local apontam que Morales não conseguirá alcançar no primeiro turno metade mais um dos votos válidos ou 40% dos votos e uma vantagem de 10 pontos sobre Mesa para garantir mais um mandato, o que significa que terá que disputar o segundo turno.

Alguns analistas afirmam que nenhum candidato conseguirá a hegemonia no Congresso, o que exigirá um exercício de alianças para alcançar acordos mínimos entre as bancadas.

Morales critica esta maneira de fazer política. Ele afirma que tais alianças são formadas em função interesses econômicos e de poder, e não "pensando no povo".

O presidente fez campanha eleitoral exibindo as conquistas econômicas de sua gestão, que transformaram a Bolívia em um dos países com maior índice de crescimento da região.

Medidas como a nacionalização dos hidrocarbonetos (gás e petróleo) em 2006 resultaram em muitos recursos ao Estado e permitiram melhorar a distribuição de renda.

A oposição atacou as áreas mais frágeis do governo como o desperdício, a corrupção, a insegurança, o aumento do tráfico de drogas e a aliança com Venezuela, Cuba e Irã.

Evo Morales chegou ao poder em 2006 com 54% dos votos e, após a aprovação de uma nova Constituição em 2009, foi reeleito com 64% dos votos para o período 2010-2015 e 63% para a gestão 2015-2020.

Além dos 7,3 milhões de eleitores na Bolívia, o registro eleitoral é integrado ainda por 341.001 bolivianos residentes em 33 países, em sua maioria na Argentina, Espanha e Brasil, que escolherão apenas presidente e vice-presidente.

As eleições também devem renovar o Congresso bicameral de 136 cadeiras.

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