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Bo Xilai acusa ex-braço direito de ser mentiros e abominável

Segundo ex-dirigente, testemunho de Wang, que compareceu no sábado ao tribunal, está "cheio de mentiras e de fraude"

Ex-dirigente chinês Bo Xilai depõe em seu julgamento em Jinan, na província de Shandong  (China Central Television (CCTV) via Reuters TV)

Ex-dirigente chinês Bo Xilai depõe em seu julgamento em Jinan, na província de Shandong (China Central Television (CCTV) via Reuters TV)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 10h00.

Jinan (China) - O ex-dirigente chinês Bo Xilai qualificou neste domingo de "vil mentiroso" e de "personalidade abominável" seu ex-braço direito e chefe de Polícia, Wang Lijun, no quarto dia de seu julgamento por desvio, abuso de poder e aceitação de subornos.

O testemunho de Wang, que compareceu no sábado ao tribunal, está "cheio de mentiras e de fraude", segundo Bo, que assegurou que seu antigo braço direito "tem uma personalidade extraordinariamente abominável, inventou rumores".

"Está abaixo da credibilidade legal apresentar uma pessoa assim como testemunha-chave. Mentiu durante todo seu próprio julgamento e seu testemunho não tem nenhuma validade", assegurou o antigo secretário-geral do Partido Comunista em Chongqing (centro da China).

Wang precipitou a queda em desgraça de Bo, que até então ambicionava chegar aos órgãos máximos de poder no país, quando em fevereiro de 2012 tentou pedir asilo no consulado americano de Chengdu.

Ali, o então chefe de Polícia de Chongqing revelou que a morte em novembro de 2011 de um empresário britânico, Neil Heywood, nessa cidade, não tinha sido por causa do excesso de bebida, como se achava até então, mas tinha sido obra da esposa de Bo, Gu Kailai.

As acusações contra Bo de abuso de poder denunciam que o ex-dirigente encobriu sua esposa nesse escândalo.

Em sua declaração no sábado, Wang, que cumpre pena de 15 anos de prisão por seu envolvimento no escândalo, disse que no final de janeiro tinha revelado a Bo o papel de Gu na morte de Heywood.

Bo, furioso, lhe deu um tapa no ouvido que o fez sangrar, segundo a versão do braço direito.

Neste domingo, Bo deu esse detalhe como exemplo das supostas calúnias de seu ex-aliado, e embora tenha admitido que bateu nele, sustentou que se tratou de uma bofetada.

"Disse que lhe dei um soco em vez de uma bofetada. Mas a verdade é que nunca aprendi as técnicas do boxe chinês, portanto não teria a força para golpear-lhe assim", se defendeu o antigo líder.

Bo também assegurou que não destituiu seu chefe de Polícia, mas simplesmente atribuiu a ele outro posto, à frente de cultura e tecnologia, pois Wang não estava bem de saúde nos últimos tempos.

O ex-dirigente admitiu "graves erros de julgamento" no manejo daquele escândalo, mas assegura que as acusações apresentadas contra ele a respeito "são gravemente exageradas".

O jornal "South China Morning Post" cita três fontes, que não identifica, para assegurar que Wang sofreu uma apoplexia em algum momento indeterminado antes de ir ao tribunal e testemunhou em cadeira de rodas.

Do mesmo modo, também não assinou seu testemunho com seu nome, mas com sua digital, assinala o periódico.

Na sessão deste domingo, de apenas quatro horas, o tribunal terminou de examinar as acusações de abuso de poder, as mais sensíveis.

Previsivelmente, a sessão que começará na segunda-feira às 8h30 (horário local), examinará as alegações finais da Promotoria e da defesa, embora o veredicto e a sentença serão conhecidos posteriormente.

Bo rejeitou todas as acusações contra si e se defendeu com energia ao longo do processo, mas poucos duvidam que será declarado culpado.

A grande dúvida é a sua sentença, apesar do fato de as acusações serem por quantidades relativamente pouco importantes, o que faz os analistas pensarem que esta não será excessivamente dura.

Além das acusações de abuso de poder, Bo é também acusado de se apropriar de cinco milhões de iuanes (cerca de US$ 800) procedentes de fundos públicos, assim como de aceitar subornos no valor de US$ 3,5 milhões, procedentes dos empresários chineses Tang Xiaolin e Xu Ming. EFE

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