Papa Francisco: bispo foi acusado de má gestão e proteção de um padre pedófilo (REUTERS / Vaticano CTV)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 12h50.
Cidade do Vaticano - Um bispo paraguaio destituído pelo papa declarou nesta sexta-feira que Francisco "irá prestar contas a Deus" por seu afastamento da Igreja, de acordo com uma carta publicada pela imprensa local, após acusações de má gestão e proteção de um padre pedófilo.
Na longa carta publicada primeiramente no site da diocese e endereçada ao cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, Dom Rogelio Livieres Plano, ex-bispo de Ciudad del Este (Paraguai), membro do Opus Dei, acusa diretamente o papa com palavras extremamente incomuns e graves da parte de um bispo.
"Como um filho obediente da Igreja, aceito esta decisão, ainda que considerando infundada e arbitrária, e sobre a qual o papa prestará contas a Deus", escreveu ele.
O Vaticano se recusou a comentar esta carta incendiária.
Livieres Plano foi recebido em Roma há poucos dias pelo cardeal Ouellet, mas lamentou não poder explicar-se perante o papa.
Reconhecendo "erros humanos", o prelado paraguaio acredita ser vítima de uma "perseguição ideológica".
O bispo Livieres Plano, cuja reputação é de ser muito conservador, denunciou uma "nova irregularidade em um processo anormal": o anúncio de sua destituição pelo núncio apostólico em Assunção antes da notificação por escrito.
O ex-bispo enfatiza ainda o apoio que manifestado abertamente por seus fiéis.
O Vaticano não mencionou oficialmente as acusações contra ele, mas segundo o site Vatican Insider, ele é acusado de ter quebrado, por uma série de acusações, a harmonia entre os bispos paraguaios, de ter ordenado seminaristas sem formação suficiente e de ter promovido um sacerdote argentino polêmico, Carlos Urrutigoity, suspeito de ter cometido abusos sexuais contra menores.
Livieres também teria utilizado doações destinadas à obras de caridade para construir um novo seminário.
O Vaticano fez o anúncio da destituição na véspera, em uma nota oficial, na qual papa reconhece que foi "uma decisão árdua tomada por razões pastorais".