Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Bloomberg/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 13h16.
O governo dos Estados Unidos ordenou que as famílias de seus diplomatas na capital da Ucrânia, Kiev, deixem o país. Segundo o governo americano, a medida se deve a uma "ameaça persistente de uma operação militar russa" na Ucrânia, informou o Departamento de Estado no domingo.
O Reino Unido também começou a retirar funcionários de sua embaixada em Kiev, reduzindo pela metade o efetivo, segundo a emissora pública BBC, embora funcionários do governo de Boris Johnson tenham afirmado que não houve nenhuma ameaça específica contra cidadãos britânicos no país.
De acordo com o Departamento de Estado americano, os funcionários locais podem deixar a embaixada se desejarem, e os cidadãos americanos que residem na Ucrânia "devem agora considerar" deixar o país em voos comerciais ou outros meios de transporte. Ao New York Times, funcionários do governo de Joe Biden admitiram que a medida foi tomada "por excesso de precaução".
A Embaixada dos EUA em Kiev alertou em comunicado que "a ação militar da Rússia pode ocorrer a qualquer momento e o governo dos Estados Unidos não estará em condições de remover cidadãos americanos em tal contingência, portanto, os cidadãos dos EUA atualmente presentes na Ucrânia devem se planejar adequadamente".
"Estivemos em contato com o governo ucraniano sobre este passo e estamos coordenando com as embaixadas aliadas e parceiras em Kiev para determinar sua posição", informou a Embaixada dos EUA. O Departamento de Estado também disse que estava autorizando a "saída voluntária de funcionários contratados diretos dos EUA".
Os países da União Europeia (UE) também têm manifestado preocupações com o aumento da tensão militar na região e criticam o governo Putin pela mobilização militar na fronteira, mas ainda não adotaram a mesma medida de EUA e Reino Unido sobre diplomatas e cidadãos em Kiev.
O anúncio do Departamento de Estado ocorre em meio a tensões entre a Rússia e os países da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, que teme uma possível invasão russa da Ucrânia.
No sábado, 22, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, disse que o Reino Unido tem informações confiáveis sobre um plano de Moscou para "instalar um líder pró-Rússia em Kiev". Segundo a Rússia, a acusação britânica é "absurda".
Depois da acusação do Reino Unido, o governo ucraniano prometeu, no domingo, 23, combater indivíduos e entidades pró-Rússia que buscam desestabilizar a Ucrânia.
Países ocidentais acusam a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de cem mil soldados para a fronteira com a Ucrânia para preparar um ataque. Em declarações confusas (e posteriormente reparadas), o presidente americano Joe Biden afirmou, na quarta-feira passada, acreditar que a Rússia invadiria a Ucrânia e sinalizou que a Otan não tem uma posição única sobre o que fazer nesse cenário.
Na sexta, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, se reuniu em Genebra com seu colega russo, Sergei Lavrov, e ambos indicaram uma redução das tensões. Os dois prometeram continuar as conversas sobre as demandas russas de um freio na expansão da Otan para países próximos a suas fronteiras.