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Bibliotecário ironiza revelação de caso de João Paulo II

"É uma brincadeira, não é algo sério", declarou Tomasz Makowski, diretor dos arquivos onde as cartas que revelariam o caso foram encontradas


	Papa João Paulo II: depois de ler as 350 cartas, Tomasz Makowski afirma que o documentário da tv britânica brinca com uma certa ambiguidade dos textos
 (WikimmediaCommons)

Papa João Paulo II: depois de ler as 350 cartas, Tomasz Makowski afirma que o documentário da tv britânica brinca com uma certa ambiguidade dos textos (WikimmediaCommons)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 13h35.

A reportagem da BBC que revelou que João Paulo II teria mantido uma intensa relação com uma filósofa americana casada, sem quebrar o voto de castidade, foi uma "piada de Dia dos Namorados", ironizou nesta terça-feira o diretor da Biblioteca Nacional da Polônia.

"É uma brincadeira, não é algo sério", declarou Tomasz Makowski, diretor dos arquivos onde as cartas que revelariam o caso foram encontradas.

"É preciso recordar que na década de 1970, a polícia polonesa tinha microfones em todos os lugares, seguia de perto os bispos. Eles não saberiam o que depois foi descoberto por um jornalista britânico?".

Depois de ler as 350 cartas, Tomasz Makowski afirma que o documentário da tv britânica brinca com uma certa ambiguidade dos textos.

"Dizem que o Papa não violou o celibato, mas sugerem exatamente o contrário", destaca.

Makowski explica que as fotos exibidas pela BBC, que mostram Karol Wojtyla e Anna Teresa Tymieniecka, dão a impressão de que estão sozinhos, quando, na realidade, foram tiradas em uma excursão na qual havia mais pessoas.

O acadêmico argumenta que as expressões interpretadas como sinais de ternura, como "você é um presente dos céus", eram coisas que o pontífice usava frequentemente em sua correspondência.

"Quem não sabe isso tira conclusões que não têm relação com a realidade", afirmou.

Makowski disse ainda que João Paulo II não tinha medo de ter contato com mulheres, fossem laicas ou religiosas, e assinalou que em uma das cartas dirigidas a sua amiga, Wojtyla termina o texto abençoando o marido e os filhos dela.

Na véspera, o jornalista Edward Stourton revelou no programa Panorama, da BBC, ter descoberto uma correspondência que mostraria que João Paulo II manteve durante mais de 30 anos uma amizade intensa com Anna Teresa Tymieniecka.

"As cartas são a janela mais extraordinária sobre a vida privada de uma das pessoas mais célebres da História", afirmou o jornalista.

Mais de 350 cartas escritas por João Paulo II à americana de origem polonesa Anna Teresa Tymieniecka foram encontradas na Biblioteca Nacional polonesa, à qual a filósofa tinha legado em 2008.

Segundo o programa, as cartas em questão dariam a entender que a universitária estava apaixonada pelo cardeal Wojtyla.

"Não há nada de extraordinário no fato de João Paulo II ter tido amizades estreitas com diferentes pessoas, sejam homens ou mulheres", reagiu o Vaticano. "Ninguém se dirá surpreso com esta informação", acrescentou.

A Biblioteca Nacional polonesa também não demorou a reagir e negou a possibilidade de existência de uma relação amorosa.

"As teses formuladas pelos meios de comunicação não têm confirmação alguma nas cartas de João Paulo II a Anna Teresa Tymieniecka, que fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional", declarou a instituição em um comunicado.

"Essa relação era amplamente conhecida e descrita em inúmeras publicações", insiste a BN polonesa. "João Paulo II estava cercado por um círculo de amigos eclesiásticos e laicos, com os quais mantinha um estreito contato.

Este círculo também incluía Anna Teresa Tymieniecka, mas a relação com ela não era nem confidencial nem excepcional", conclui o comunicado.

"Querida Teresa, recebi as três cartas. Você escreve que está dilacerada, mas não pude encontrar nenhuma resposta para as suas palavras", escreve o futuro João Paulo II em uma carta datada em 1976, na qual a descreve como "um presente dos céus".

"Eram mais que amigos, mas menos que amantes", afirma Stourton, que insiste que não encontrou nas cartas nenhuma prova de que João Paulo II tenha rompido o voto de castidade.

A primeira carta está datada em 1973, ano do encontro entre Anna Teresa Tymieniecka e Karol Wojtyla, futuro João Paulo II, e a última correspondência foi escrita meses antes da morte do então Papa, ocorrida em 2 de abril de 2005.

Segundo Adam Boniecki, um sacerdote polonês que conheceu bem João Paulo II, é possível que a universitária americana Anna Tymieniecka estivesse apaixonada por Karol Wojtyla antes que ele se tornasse Papa.

"Algumas mulheres acabam se apaixonando pelos sacerdotes, isso sempre cria um problema", declarou à AFP o padre Boniecki, que dirigiu durante anos, em Roma, a edição polonesa do jornal vaticano Osservatore Romano

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