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Berlim quer reorganizar serviços de segurança após atentado

"O Estado federal não é competente para catástrofes em escala nacional", disse o ministro do Interior alemão

Polícia: o ministro conservador insiste na necessidade de reforçar os poderes do Estado federal (Getty Images)

Polícia: o ministro conservador insiste na necessidade de reforçar os poderes do Estado federal (Getty Images)

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AFP

Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 14h32.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, revelou nesta terça-feira as linhas gerais de uma reforma dos serviços de segurança, cujas falhas atuais ficaram expostas com o atentado de 19 de dezembro em Berlim.

Em um artigo publicado pelo jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, o ministro conservador insiste na necessidade de reforçar os poderes do Estado federal em matéria de inteligência interior e acelerar o reenvio de migrantes que tiverem seu pedido de asilo negado.

Também propõe reforçar a competência até agora limitada da polícia federal e criar um centro de crises responsável por coordenar os diferentes serviços envolvidos sobre os temas de migração e antiterrorismo.

"O Estado federal não é competente para catástrofes em escala nacional" como o atentado de 19 de dezembro que deixou 12 mortos, escreveu o ministro. "As competências em matéria de luta contra o terrorismo internacional não estão concentradas", lamentou.

"Precisamos de regras homogêneas e de uma melhor coordenação", escreveu, em particular para a vigilância de indivíduos classificados como "perigosos", como era o caso do suposto autor do atentado, o tunisiano Anis Amri.

O atentado com um caminhão contra um mercado de Natal muito movimentado em Berlim deixou em evidência as falhas do sistema federal alemão, que valeram às autoridades acusações de negligência.

Na Alemanha, desde o fim do Terceiro Reich as competências em matéria de polícia ou vigilância são compartilhadas pelos 16 Estados regionais e pelo Estado federal.

O suposto autor do atentado, Anis Amri, que jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico, passou por baixo dos radares da vigilância da qual era alvo, aproveitando a dispersão das responsabilidades, o que o permitiu fugir depois do ataque.

No coração da campanha eleitoral

A polícia parou de se interessar por suas atividades em setembro por falta de elementos suficientes em relação a um eventual projeto de atentado, isto apesar de ter sido classificado como uma pessoa potencialmente perigosa há meses e de ser considerado uma ameaça por outros países.

Em um país transtornado pela chegada de mais de um milhão de refugiados desde 2015 e agora por um atentado terrorista, a segurança deve se instalar no centro do debate eleitoral antes das legislativas de setembro.

O líder da União Social Cristã (CSU), aliado do CDU da chanceler, Angela Merkel, afirma que a segurança é "como uma espada de Dâmocles" que pode decidir o resultado das eleições.

"Já vimos várias coisas menos importantes decidirem uma eleição", insistiu Horst Seehofer, que pede há meses maior firmeza nos temas migratórios e de segurança.

Anis Amri, tunisiano de 24 anos, deveria ter sido expulso à Tunísia depois que seu pedido de asilo foi negado, mas as autoridades de seu país demoraram para enviar os documentos necessários.

Consequentemente, Thomas de Maizière pede a criação de centros de retenção perto dos aeroportos para onde seriam enviadas as pessoas em vias de expulsão até que a medida seja executada.

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