Bélgica destrói marfim em rejeição ao massacre de elefantes
Mais de 1,5 tonelada de presas de elefante e objetos de marfim apreendidos na Bélgica foram destruídos para repudiar o massacre dos animais
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 13h48.
Bruxelas - Mais de uma tonelada e meia de presas de elefante e objetos de marfim apreendidos na Bélgica foram destruídos nesta quarta-feira em Bruxelas para repudiar o massacre dos animais e incentivar o combate dessas atividades ilegais.
Entre 25 mil e 50 mil elefantes morrem a cada ano por causa das atividades ilegais, o que supõe um massacre de "100 elefantes por dia, quatro por hora e um a cada 15 minutos", lamentou o Fundo Internacional para o Bem Estar Animal (IFAW, na sigla em inglês), co-organizador do evento.
O ato de hoje, a cargo dos departamentos dos Serviços de Saúde Pública, Proteção Alimentar e Meio Ambiente da Bélgica, também pretende passar uma clara mensagem aos contrabandistas.
"Os traficantes estão sendo advertidos: o negócio ilegal de marfim acabará sendo interceptado e a mercadoria acabará sendo destruída", assegurou a organização.
A destruição das presas e objetos de marfim no museu de Tervuren e no antigo Palácio das Colônias, dedicado à África Central, foi presenciada por diversos embaixadores de países europeus e africanos, além de autoridades belgas.
Em nota, a IFAW celebrou a postura adotada pelo governo belga em relação ao comércio internacional de marfim bruto, proibido desde 1990, ao mostrar sua oposição a esta atividade criminosa.
Nos próximos dias 10 e 11 de abril, a União Europeia (UE) discutirá novas medidas para lutar contra o comércio ilegal de espécies protegidas.
Desde 2011, quando 24,3 toneladas de marfim foram apreendidas no mundo todo, esse número não para de subir, já que, em 2012, foram 30 toneladas e, no passado, 41,5 toneladas.
Cobiçados sobretudo por caçadores devido ao alto preço de sua pele e por terem suas partes utilizadas na medicina asiática, a maioria desses animais vive em bolsões isolados espalhados por florestas cada vez mais fragmentadas. Segundo cientistas, três subespécies - o de Bali, do Mar Cáspio, e o tigre de Java - já se extinguiram no século 20.
Muitos pesquisadores acreditam que um quarto, o tigre do Sul da China, já está "funcionalmente extinta". Em toda a China, existem apenas 50 tigres, enquanto há meio século o número ultrapassava os 4.200. Segundo a WWF, se tirarmos esses predadores do topo da pirâmide alimentar, todo o sistema poderá colapsar.
Nas próximas quatro décadas, os gigantes da neve vão perder 42% da área que têm à disposição para viver durante o verão. Os ursos polares dependem do gelo que flutua à superfície da água do mar para descansar, procurar alimento e cuidar das suas crias.
De acordo com o World Conservation Union, atualmente há entre 20 mil e 25 mil ursos polares no Ártico, ameaçados pela poluição, pela caça, pelo desenvolvimento de cidades, pelo turismo e, principalmente pelo degelo.
A maior das tartarugas marinhas é também a mais ameaçada. Um declínio global de 78% em 14 anos levou a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) a incluir a espécie na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas com o estatuto de "Criticamente Ameaçada".
Estimativas indicam que a população desta espécie seja de apenas 2,3 mil exemplares. As ameaças são inúmeras e vão desde a ingestão acidental de plástico e pesca acidental, à caça ilegal e destruição intencional de ovos.
A falta de controle no processo levou a pesca desse espécie marinha à beira do colapso em todos os oceanos do mundo. Tanto que, no começo do ano, a ONU propôs o fim da exportação do peixe, que viu sua população cair mais de 80% desde o século 19.
Durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP 10/CDB), que acontece em Nagoia, no Japão, os líderes de diversos países - incluindo o Japão, o maior consumidor de frutos do mar do mundo - devem determinar a ampliação de áreas oceânicas onde serão proibidas a pesca e as atividades industriais com o objetivo de ajudar os oceanos a restaurarem seus estoques marinhos.
Essas áreas são palco de conflito humano permanente que se repercute na perda dos habitats naturais e na caça ilegal do gorila da montanha. Algumas iniciativas isoladas têm possibilitado o aumento dessa população nos últimos anos, mas a espécie ainda corre grande perigo. Este animal, que vive aproxidamente 35 anos, possui um período de gestação de 250 até 270 dias, e o número de crias que dá é de apenas uma, sendo muito raro terem gêmeos.
Tempestades atípicas podem afetar a população de insetos, já que é naquela região que se inicia o ciclo biológico da espécie. Segundo a organização Nature Conservancy, o número de borboletas que chegou ao México para passar o inverno, depois de uma migração de 3200 quilômetros, foi o menor já registrado.
As que conseguem sobreviver à viagem turbulenta, se deparam com outro problema: o bosque de Oyamel, no México, considerado seu habitat característico, embora localizado em uma reserva declarada Patrimônio Mundial pela Unesco, sofre com incêndios florestais, desmatamento ilegal, pragas e doenças florestais.
Mesmo protegidos nas reservas, ainda correm risco devido à perda da diversidade genética, doenças e caça ilegal. Em maio deste ano, restos de um rinoceronte Java foram encontrados na reserva do Vietnã. O animal teve o seu chifre arrancado.
Moído, o chifre do rinoceronte é vendido a centenas de dólares por grama no mercado negro para ser usado na medicina asiática. A expansão das plantações também tem acabado com as florestas que abrigam o animal.
De acordo com a ONG, o habitat natural do panda gigante tem se dividido em pequenos territórios, o que dificulta o encontro entre diferentes populações de animais para a reprodução. Os pandas fêmeas dão à luz uma vez por ano. Na maioria das vezes, nascem apenas duas crias.