Os quatro sinais de Milei que o governo Lula monitora após a eleição
Segundo apuração da EXAME, governo brasileiro vai aguardar primeiras medidas do presidente eleito com cautela
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 14h29.
Última atualização em 20 de novembro de 2023 às 14h38.
A eleição de Javier Milei para presidir a Argentina é vista com cautela por integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Três assessores palacianos que conversaram com a EXAME afirmaram que ainda é necessário aguardar as decisões concretas do presidente eleito que podem afetar as relações com o Brasil. Em suma, quatro sinais estão no radar do governo Lula: o comportamento de Milei após assumir o cargo (se seguirá ou não com a retórica inflamada de campanha), a base de apoio do novo presidente no Congresso, a interação com a elite empresarial argentina e a relação com a China.
“Uma coisa é o discurso de campanha. Outra coisa é sentar-se na cadeira presidencial e conviver com a pressão de empresários, do Congresso argentino e da população que há anos convive com aumento da pobreza”, disse um técnico do governo.
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Outro ponto de atenção está na relação com o Legislativo.
Ainda não está claro o tamanho da base de sustentação que Milei terá no Congresso, disse um auxiliar de Lula. Para tomar medidas polêmicas, lembrou esse assessor, como dissolver o Banco Central e sair do Mercosul, o presidente eleito precisará do apoio de senadores e deputados.
Além disso, não é possível desprezar as relações empresariais e comerciais que ocorrem sem a necessidade de carimbo dos governos. Na prática, as relações de companhias brasileiras e argentinas continuarão, mesmo que Milei não nutra simpatia por Lula.
“Qualquer decisão de Milei que tenha impacto nas relações bilaterais, certamente será analisada tecnicamente para salvaguardar os interesses brasileiros”, disse um técnico do Ministério da Fazenda.
Brasil, Argentina e China
Outro ponto de atenção, afirmou outro auxiliar de Lula, será como Milei se posicionará sobre a China.
Um rompimento comercial com a segunda maior economia do mundo criaria uma demanda adicional para o Brasil. As exportações argentinas agrícolas seriam “transferidas” para o Brasil, que se beneficiaria com essa decisão.
“Essa hipótese é a menos provável, mas todas as decisões de Milei serão avaliadas com lupa no Brasil. Não acreditamos que ele romperá com a China porque isso provocaria um colapso no agronegócio de lá”, completou.