As autoridades interinas de Bangladesh abriram, nesta quarta-feira, 28, uma investigação sobre centenas de desaparecimentos forçados atribuídos às forças de segurança durante o governo da primeira-ministra destituída,Sheikh Hasina.
A investigação inclui a conhecida força paramilitar Batalhão de Ação Rápida (RAB, na sigla em inglês), acusada de violações dos direitos humanos e sancionada pelos Estados Unidos por sua participação em execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados.
No ano passado, a Human Rights Watch disse que as forças de segurança cometeram "mais de 600 desaparecimentos forçados" desde que Hasina assumiu o poder em 2009, e que quase 100 dessas pessoas continuam desaparecidas.
Bangladesh é governado por um Executivo interino desde o início de agosto, após protestos que terminaram com a renúncia de Hasina.
Muitos dos detidos eram rivais de Hasina, pertencente ao Partido Nacionalista de Bangladesh e ao Jamaat e Islami, o maior partido islamista do país.
O governo de Hasina negou as acusações, alegando que algumas das pessoas declaradas desaparecidas morreram afogadas no Mediterrâneo enquanto tentavam chegar àEuropa.
Hasina fugiu para a Índia de helicóptero em 5 de agosto, depois de semanas de protestos liderados por estudantes que a forçaram a renunciar.
Desaparecimentos e tortura
O comitê de cinco membros, liderado pelo juiz aposentado do tribunal superior Moyeenul Islam Chowdhury, também investigará outras unidades policiais paramilitares, incluindo aGuarda de Fronteira de Bangladesh (BGB), segundo uma ordem do governo emitida na noite de terça-feira.
O escritório de direitos humanos da ONU afirma que tanto os paramilitares do RAB quanto as forças da BGB têm um "histórico de graves violações dos direitos humanos, incluindo desaparecimentos forçados, tortura e maus-tratos".
A comissão, estabelecida pelo governo interino liderado pelo vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, tem 45 dias úteis para apresentar seu relatório.
Sanjida Islam Tulee, coordenadora de um grupo que defende a libertação de pessoas presas durante o governo de Hasina, comemorou a criação da comissão.
"O mais importante é que o relatório seja publicado na íntegra e nenhuma informação seja ocultada", disse Tulee à AFP. Ela lidera o grupo chamado Mayer Daak, que significa "O chamado das mães".
Yunus recebeu neste mês Tulee e outros familiares de desaparecidos. Tulee afirmou que deseja que a comissão ouça todas as famílias sem discriminação. Elas querem o retorno dos desaparecidos e que os responsáveis sejam apresentados à Justiça.
Mais de 600 pessoas morreram nas semanas anteriores à deposição de Hasina, segundo um informe preliminar da equipe de direitos humanos das Nações Unidas, que sugere que o número é "provavelmente subestimado".
No dia seguinte à fuga deHasina, várias famílias se reuniram em frente a um edifício do serviço de inteligência militar na capital, Daca, para receber notícias.
Apenas alguns detidos apareceram nas listas de libertados.
Primeira-ministra renuncia em Bangladesh após protestos
1 /7Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, durante uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês(Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, durante uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês)
2 /7Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino(Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino)
3 /7Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, enquanto encenam uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas de violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês(Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, enquanto encenam uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas de violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês)
4 /7Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga da primeira-ministra e o anúncio dos militares de que formariam um governo interino(Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga da primeira-ministra e o anúncio dos militares de que formariam um governo interino)
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