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Autor do atentado em Boston pede desculpas às vítimas

Formalmente sentenciado à morte, esta foi a primeira vez que Djokhar Tsarnaev falou desde o início de seu processo


	Dzhokhar Tsarnaev: os ataques contra a maratona de Boston foram os mais graves em um espaço público nos Estados Unidos desde o 11 de setembro
 (REUTERS/FBI/Handout)

Dzhokhar Tsarnaev: os ataques contra a maratona de Boston foram os mais graves em um espaço público nos Estados Unidos desde o 11 de setembro (REUTERS/FBI/Handout)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2015 às 16h06.

Washinton - O coautor dos atentados contra a maratona de Boston, Djokhar Tsarnaev, compareceu nesta quarta-feira ao tribunal para ouvir formalmente sua condenação à morte, durante uma audiência carregada de emoção na qual o condenado de 21 anos tomou a palavra e pediu desculpas às vítimas.

"Gostaria de apresentar minhas desculpas às vítimas, aos sobreviventes", disse Tsarnaev, em um inglês com leve sotaque. Esta foi a primeira vez que o acusado falou publicamente desde os atentados de 15 de abril de 2013, que deixaram três mortos e 264 feridos.

"Sinto muito pelas vidas que tirei, pelo sofrimento, pelos prejuízos que causei", afirmou, acrescentando que esperava que Alá tivesse piedade dele, de seu irmão e de sua família.

A audiência começou às 9H40 locais (11H40 de Brasília) e mais de vinte vítimas dos atentados ou parentes se expressaram antes de o juiz federal George O'Toole pronunciar formalmente a sentença, decidida em 15 de maio por um júri popular.

A primeira a falar durante a audiência foi a mãe de uma jovem morta nos atentados, Krystle Campbell. Ela se dirigiu ao condenado, que escutou com a cabeça baixa, sentado entre seus dois advogados.

"A vida é difícil. Mas as escolhas que você fez foram terríveis. O que você fez à minha filha é repugnante", declarou Campbell, com a voz embargada pela emoção, acrescentando não saber mais o que dizer a ele.

"Ao menos você não fará mal a mais ninguém", afirmou o pai de Krystle, Bill Campbell.

"Ele poderia ter parado seu irmão, poderia tê-lo feito mudar de ideia", declarou, em seguida, o pai da vítima mais jovem, Martin Richard, de 8 anos.

"Ele poderia ter falado com a polícia. Mas ele não fez nada para evitar isso. Ele escolheu o ódio, a destruição, a morte. Ele é completamente responsável", acrescentou Richard, lembrando que preferia a prisão perpétua, para Tsarnaev ter o tempo de "se reconciliar" com o que ele fez.

Tsarnaev impassível


Muçulmano de origem chechena, Tsarnaev chegou aos Estados Unidos ainda criança. Ele foi declarado culpado há um mês por estes atentados cometidos em 15 de abril de 2013. Na ocasião, duas bombas caseiras explodiram quase simultaneamente perto da linha de chegada da disputada maratona de Boston.

Ele também foi declarado culpado pela morte de um policial, que não resistiu aos ferimentos e faleceu três dias depois do ataque.

Nesta quarta-feira, ele escutou sem esboçar reação quando uma outra vítima lhe disse que este era o momento para que mostrasse remorso.

Esta foi a primeira vez que Djokhar Tsarnaev falou desde seu processo, que durou dois meses e meio, de 4 de março a 15 de maio.

Apesar dos testemunhos comoventes, o ex-estudante, que obteve a cidadania americana em 2012, não expressou qualquer emoção, a não ser brevemente, com as lágrimas de uma tia que veio da Rússia para testemunhar.

Os ataques contra a maratona de Boston (nordeste) foram os mais graves em um espaço público nos Estados Unidos desde o 11 de setembro.

Dezessete feridos precisaram ser amputados, alguns deles de ambas as pernas. Vários testemunharam no julgamento e voltaram a falar nesta quarta-feira.

Djokhar Tsarnaev cometeu os ataques com seu irmão mais velho Tamerlan, de 26 anos, morto durante um confronto com a polícia, quatro dias depois.

Tsarnaev foi encontrado escondido em um barco em um jardim após a morte de seu irmão. Em uma parede do barco, ele escreveu que queria vingar os muçulmanos mortos nas guerras no Iraque ou no Afeganistão.

Os jurados deliberaram durante 14 horas antes de condená-lo à morte, o primeiro caso de pena capital federal no estado de Massachusetts desde 2004. A pena de morte não existe mais nos tribunais do estado desde 1984.

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