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Auto-estima e cidadania

Com o projeto Energia Comunitária, a Elektro colabora para a reurbanização de áreas pobres e melhora a qualidade de vida de milhares de pessoas nos municípios onde atua

Ferreira, presidente da Elektro (--- [])

Ferreira, presidente da Elektro (--- [])

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.

Desde que assumiu a presidência da distribuidora de energia Elektro, em 2004, o executivo Carlos Ferreira vem tentando colocar a sustentabilidade no centro da estratégia da companhia. Ex-subsidiária da americana Enron, que entrou em concordata em 2001, a Elektro precisava provar para funcionários, investidores e outros stakeholders que não havia sido contaminada pelos desmandos da matriz. Por isso, uma das primeiras medidas de Ferreira foi começar a desenvolver uma série de ações para se aproximar das comunidades onde a Elektro presta seus serviços -- 223 cidades do estado de São Paulo e cinco do Mato Grosso do Sul. As iniciativas incluíram a criação de centros de capacitação técnica de jovens, cursos de informática, montagem de bibliotecas e programas de voluntariado desenvolvidos em diversas entidades. "Tenho feito visitas-surpresa às unidades regionais e vou a campo para checar se princípios como segurança no trabalho têm sido observados pelos nossos funcionários", afirma Ferreira.

Entre os vários projetos desenvolvidos atualmente pela Elektro, o que mais tem exigido a atenção de Ferreira é o Energia Comunitária. Lançado como um programa piloto em outubro de 2006, na favela de Maré Mansa, localizada no Guarujá, no litoral paulista, o projeto nasceu da necessidade da empresa de se aproximar da comunidade local para combater os desperdícios e os riscos causados pelos "gatos" -- ligações elétricas clandestinas. O primeiro passo foi procurar o apoio das lideranças comunitárias, que poderiam facilitar o contato com os moradores da área. Em pouco tempo, a idéia foi ganhando corpo e a Elektro pôde realizar a troca das instalações elétricas nas ruas e dentro das casas. Além disso, a empresa forneceu aos moradores cerca de 200 geladeiras novas para substituir os modelos mais antigos, que gastam mais energia. A troca dos refrigeradores resultou numa economia média de 77% de energia por mês. A empresa providenciou também a reforma da associação de bairro, que abriga uma creche, a criação de uma área de lazer e a formação de 60 eletricistas residenciais. Os investimentos na comunidade Maré Mansa atingiram 650 000 reais e beneficiaram 600 famílias. Para o líder comunitário Jailton Santos, o fato de a Maré Mansa ter sido "adotada" pela Elektro ajudou a elevar a auto-estima dos moradores. "As pessoas passaram a acreditar que as coisas poderiam realmente mudar", diz Santos. "Não nos vemos mais como uma favela, mas sim como uma comunidade."
 

Combate ao desperdício
Apoiado no sucesso do programa piloto, o Energia Comunitária está sendo estendido agora para outras áreas carentes de cidades como Itanhaém, Limeira, Mongaguá e Ubatuba. A meta é beneficiar mais de 12 000 famílias até o final de 2007. Até agora os investimentos chegam a 10 milhões de reais. Parte dos recursos cumpre os requisitos do programa de eficiência energética, regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O programa determina que as empresas de energia destinem 1% da receita operacional líquida a ações de combate ao desperdício.

Apesar do empenho e dos avanços, a Elektro, como todas as empresas, ainda apresenta vulnerabilidades. Recentemente, a companhia recorreu à Justiça para não precisar cumprir a cota legal de preenchimento de 5% de seu quadro funcional com pessoas portadoras de deficiência. A alegação é que, além de um número significativo de seus empregados exercer funções de risco, ela não tem conseguido preencher as eventuais vagas com portadores de deficiência por falta de qualificação ou interesse de candidatos.

Avaliação da empresa
Pontos fortes
- Possui um comitê responsável pela avaliação de suas ações no campo da sustentabilidade.
- Promove iniciativas de desenvolvimento sustentável na comunidade do entorno.
- Apreocupação com a coleta seletiva de lixo e com o uso consciente de energia é disseminada entre os funcionários.
Pontos fracos
- Nos últimos três anos,sofreu sanções administrativas decorrentes da infração de normas de defesa do consumidor.
- Não conseguiu criar mecanismos satisfatórios para atrair uma boa quantidade de pessoas com necessidades especiais para seu quadro funcional.
- Os aspectos socioambientais não estão inseridos quantitativamente nas projeções de receitas e do custo de capital.
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