Foto rasgada do atual presidente da Síria Bashar al-Assad é visto em um prédio governamental na província de Ragga, no leste do país (Hamid Khatib/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2013 às 09h42.
Istambul - A crise da oposição síria aprofundou-se nesta segunda-feira, devido à pequena representação oferecida a grupos liberais, abalando os esforços internacionais para oferecer maior apoio à coalizão antigoverno dominada por ativistas islâmicos.
Para perplexidade dos representantes de governos árabes e ocidentais que monitoram quatro dias de discussões da oposição em Istambul, a Coalizão Nacional Síria, que reúne 60 membros, bloqueou um acordo para a admissão do bloco liberal dirigido pelo ativista Michel Kilo.
O Catar e um bloco em grande parte influenciado pela Irmandade Muçulmana têm sido a principal força por trás da coalizão, e a dificuldade em ampliá-la poderá resultar numa redução do apoio saudita à revolta contra o governo de Bashar al-Assad, além de deixar a oposição ainda mais enfraquecida.
Seus apoiadores liberais pressionam a Coalizão a resolver suas divisões e ampliar seu alcance de modo a incluir mais liberais e se contrapor ao domínio islâmico. O plano também tinha apoio da Arábia Saudita, que vinha se preparando para assumir um papel maior na política interna da coalizão e vê com desconforto a ascensão da influência do Catar, segundo fontes da oposição.
O aparente fracasso dessa ampliação ocorreu horas antes de uma reunião da União Europeia em Bruxelas para discutir a suspensão de um embargo de armas à Síria, de modo a ajudar os rebeldes que lutam contra as forças de Assad.
O desentendimento também poderá fortalecer a posição de Assad numa conferência de paz a ser promovida nas próximas semanas em Genebra pelos Estados Unidos e a Rússia.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, se reúnem nesta segunda-feira em Paris para discutir a conferência.
Só 5 vagas para liberais
O grupo liberal de Kilo recebeu a oferta de apenas cinco vagas na Coalizão --em vez das mais de 20 que pleiteava-- depois de uma sessão na Turquia que se estendeu até quase o amanhecer, segundo fontes da coalizão.
Com isso, a Coalizão fica controlada por uma facção leal ao secretário-geral do grupo, Mustafa al-Sabbagh, que está instalado no Catar, e por um grupo influenciado em grande parte pela Irmandade Muçulmana. O grupo liderou a resistência ao regime de Hafez al-Assad, pai e antecessor do atual presidente, no final da década de 1980, quando milhares de membros seus foram torturados e executados.
Um membro do grupo de Kilo disse que seu bloco ainda fará uma reunião para decidir se abandona totalmente a reunião da oposição, mas que ainda há a possibilidade de que a coalizão faça uma oferta melhor.
Khaled Saleh, porta-voz da coalizão, descreveu o resultado da reunião como "democrático", e disse que uma ampliação ainda poderá ser novamente discutida.