Mundo

Ataques aéreos não detém avanços de forças de Kadafi na Líbia

Blindados do governo revidaram contra civis após ofensiva da coalizão

Forças de Kadafi continuam a encurralar rebeldes (Getty Images)

Forças de Kadafi continuam a encurralar rebeldes (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de março de 2011 às 10h29.

Trípoli - Aviões de guerra ocidentais atingiram tanques líbios na quinta noite de bombardeios aéreos nesta quinta-feira, mas não conseguiram impedir as forças de Muammar Kadafi de disparar contra cidades rebeldes no oeste ou desalojar suas defesas no leste.

Os ataques aéreos destruíram tanques do governo nas cercanias do bastião rebelde de Misrata, mas outros tanques dentro da cidade não foram atingidos, disse um morador.

Os tanques de Kadafi haviam voltado a Misrata aproveitando a escuridão e bombardeado a área próxima ao principal hospital da cidade, retomando o ataque, declararam residentes e rebeldes.

"A situação é muito séria", disse um médico da cidade do oeste por telefone antes da ligação ser cortada.

Um morador da cidade rebelada de Zintan, a sudoeste de Trípoli, disse que forças de Kadafi se reforçavam ali e que as forças rebeldes no leste ainda estão encurraladas nos limites de Ajdabiyah, após mais de três dias tentando retomá-la.

O combate contínuo extenua a coalizão internacional criada para tentar deter os ataques de Kadafi contra os líbios que desejam pôr fim a seu governo, com uma lista cada vez maior de países receosos de ataques terrestres que podem vitimar civis.

O fogo anti-aéreo reverberou sobre Trípoli durante a noite e altas explosões foram ouvidas. Moradores disseram ver fumaça emanando do tumultuado bairro de Tajoura, no leste da capital.

Após eliminar a defesa aérea líbia, as forças ocidentais atacaram mais infraestrutura. Uma autoridade líbia disse que tanques de combustível e uma torre de telecomunicações em Trípoli foram alguns dos locais atingidos pelo que a televisão estatal chama de "cruzados colonizadores".


Autoridades da Líbia levaram a Reuters a um hospital da capital para ver o que disseram serem os corpos carbonizados de 18 militares e civis mortos pelos bombardeios do Ocidente de quarta para quinta-feira. Não foi possível verificar quantos eram civis.

Os Estados Unidos dizem que tiveram sucesso em estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a costa líbia, iniciaram o ataque a tanques e agora desejam entregar o comando à Otan.

Mas os embaixadores na Otan não conseguem chegar a um acordo sobre como garantir o comando de uma operação cujos objetivos finais permanecem nebulosos e enfrentam um quarto dia de embates nesta quinta-feira, com diplomatas dizendo que as maiores objeções partiram da Turquia, membro muçulmano da organização.

Buscando arrefecer os temores de um conflito sangrento e prolongado, a França declarou que pode levar dias ou semanas para destruir as forças militares de Kadafi, mas não meses.

"Não se pode esperar que alcancemos nosso objetivo somente em cinco dias", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, aos repórteres.

O vice- ministro das Relações Exteriores, Khaled Kaim, mencionou complexos militares e civis na região central de Jufrah e outros alvos em Trípoli, Misrata e ao sul de Benghazi, onde os rebeldes estabeleceram um governo alternativo.

Moradores de Misrata afirmaram que atiradores de elite do governo continuaram a disparar apesar do bombardeio e que visavam o hospital. Um porta-voz dos rebelados disse que mataram 16 pessoas durante o dia.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaGuerrasLíbiaMuammar KadafiONUPolíticos

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia