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Ataque a jornalista reacende protestos na Ucrânia

Jornalista, conhecida por documentar as extravagâncias da elite política do país, teve o seu carro perseguido e foi espancada durante à noite

Manifestante segura foto de jornalista espancada na Ucrânia: centenas de manifestantes se encaminharam para o Ministério do Interior em Kiev (Gleb Garanich/Reuters)

Manifestante segura foto de jornalista espancada na Ucrânia: centenas de manifestantes se encaminharam para o Ministério do Interior em Kiev (Gleb Garanich/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 12h38.

Kiev - Manifestantes exigiram nesta quinta-feira a demissão do ministro do Interior da Ucrânia, depois que uma jornalista de oposição, conhecida por documentar as extravagâncias da elite política do país, teve o seu carro perseguido e foi espancada durante à noite.

Carregando fotos do rosto inchado e ferido de Tetyana Chornovil, centenas de manifestantes se encaminharam para o Ministério do Interior em Kiev.

O ataque à jornalista de 34 anos reacendeu os protestos na Ucrânia, que vinham perdendo fôlego mais de um mês depois de o governo ter rejeitado um acordo com a União Europeia (UE), preferindo laços mais próximos com Moscou.

Manifestantes pró-UE têm ocupado o centro de Kiev, mas o número de ativistas tem caído desde a oferta russa, neste mês, de uma ajuda de 15 bilhões de dólares para a Ucrânia.

O ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko, já havia se tornado alvo da oposição depois de a polícia ter reprimido com violência manifestantes no mês passado, o que ajudou a intensificar os protestos.

O ataque contra a jornalista, na madrugada de terça para quarta-feira, se deu horas depois de ela ter divulgado na Internet fotos do que ela disse ser a casa de Zakharchenko. A divulgação fazia parte de uma campanha para exibir a opulência da elite política sob o governo do presidente Viktor Yanukovich.

"A nossa polícia não protege mais o povo, mas luta contra ele, o machuca e o oprime", afirmou a manifestante Valentina Gorilova, de 47 anos.

Alguns dos manifestantes, com as mãos acorrentadas, se ajoelhavam em frente aos policiais como forma de deboche.


Com o fim do ano e a época de feriados do cristianismo ortodoxo, o movimento de oposição dá sinais de que estaria perdendo intensidade. Algumas centenas de pessoas continuam acampadas na região da Praça da Independência em Kiev. Durante o comício semanal, elas ganham o reforço de cem mil ou mais.

A jornalista Chornovil tem participado de forma ativa dos protestos. Ela ganhou fama no ano passado quando se infiltrou na casa de Yanukovich. Ela desde então tem divulgado fotos na Internet das casas das autoridades. Nesta terça, o seu alvo foi Zakharchenko.

Horas depois de postar as fotos ela foi perseguida numa estrada nos arredores da capital. Uma câmera capturou a imagem de como um Porsche preto a abordou. Pelo menos dois homens saíram do carro. Fotos e um vídeo divulgados posteriormente mostram a jornalista espancada e ensanguentada na cama do hospital.

A OSCE, Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa, e a embaixada dos Estados Unidos em Kiev condenaram o ataque.

Segundo a embaixada, tem havido "uma série de eventos similares nas últimas semanas contra indivíduos, propriedades e atividade política, com o aparente objetivo de intimidar ou punir os que têm ligação com os protestos".

Segundo relatos da imprensa, outro ativista de oposição foi esfaqueado no leste do país na terça-feira.

Yanukovich pediu nesta quarta-feira que a polícia encontre os responsáveis pelo ataque à jornalista. Dois homens foram presos, e a polícia disse já ter identificado um terceiro.

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