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Assassinato pretende desestabilizar Venezuela, diz Maduro

Assassinatos do deputado governista Robert Serra e de sua companheira foram uma encomenda macabra, segundo o governo venezuelano

Nicolás Maduro (c), a mulher e Diosdado Cabello reúnem-se em torno do caixão de Serra (AFP)

Nicolás Maduro (c), a mulher e Diosdado Cabello reúnem-se em torno do caixão de Serra (AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 09h52.

Caracas - O governo venezuelano classificou de "encomenda macabra" os assassinatos do deputado governista Robert Serra e de sua companheira na noite de quarta-feira, em sua casa em Caracas, cidade que registra um recorde de violência na América do Sul.

O presidente Nicolás Maduro afirmou que os assassinatos foram um "ataque premeditado e calculado" para desestabilizar a Venezuela, país que é cenário de uma forte polarização política.

Maduro, visivelmente afetado, afirmou durante uma homenagem a Serra que as investigações "avançaram mais do que poderia informar no momento" e que os responsáveis estão perto de serem identificados.

Apesar de não ter afirmado de maneira direta, o presidente deu a entender que o crime teria motivações políticas.

"Além do assassinato físico por ódio, por vingança, para tirar do caminho e enviar uma mensagem de ódio à juventude que se levanta, o que mais está por trás, temos que perguntar", disse Maduro.

Ele citou as ações das últimas semanas contra o que descreveu como "terroristas" ligados à "ultra-direita venezuelana e grupos paramilitares colombianos" que têm planos para levar a violência a Venezuela.

"Acreditamos que não foi um fato ao acaso. Estamos na presença de um homicídio intencional, planejado, executado com grande precisão. Sem dúvida, sua morte obedeceu a uma encomenda macabra", denunciou o ministro venezuelano do Interior e da Justiça, Miguel Rodríguez Torres.

"Em curto prazo, a Promotoria encontrará os autores materiais e intelectuais", acrescentou, pedindo que a oposição venezuelana não "faça do caso um show midiático".

Após a divulgação da notícia, Maduro e dirigentes da oposição condenaram os assassinato do deputado Robert Serra e de sua companheira, María Herrera.

"Uma dor imensa nos invade com o assassinato de Robert Serra, líder Bolivariano e Chavista, que Deus te eleve a sua Glória", escreveu Maduro, em sua conta no Twitter.

Na mesma rede social, o presidente da Assembleia Nacional e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, advertiu que os culpados serão encontrados e a justiça será feita.

O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, também expressou sua condenação ao crime no Twitter. "A morte de qualquer venezuelano merece nossa mais enérgica rejeição, é clamor nacional que acabe a violência, paz à alma do Deputado Robert Serra", escreveu.

Serra, de 27 anos e membro do Partido Socialista da Venezuela (PSUV), no poder, e Herrera, que também era sua assistente foram assassinados na noite de quarta-feira, em um bairro do oeste de Caracas.

As autoridades afirmaram que o crime será investigado de forma rápida e pediram calma à população diante "dessa monstruosidade".

Serra era advogado formado na Universidade Católica Andrés Bello e ganhou notoriedade nos 2007 e 2008, ao integrar a liderança do movimento estudantil que apoiou o falecido ex-presidente Hugo Chávez.

Havia sido eleito deputado em 2010 pelo Distrito Capital.

Seus restos serão velados na sede da Assembleia Nacional em Caracas, mas detalhes do enterro ainda não foram divulgados.

A Venezuela é um país muito atingido pela violência, com um índice de homicídios que se situa entre 39 e 79 para cada 100 mil habitantes, segundo números do governo e das ONGs, respectivamente.

As Nações Unidas consideram a Venezuela o segundo país mais violento do mundo, superado apenas por Honduras. A maioria das vítimas e dos assassinos é de jovens entre 14 e 25 anos.

Segundo os especialistas, a impunidade, que deixa 92 em cada 100 homicídios sem solução, é o principal incentivo dos criminosos na Venezuela.

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