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Assange pede a Obama que acabe com “caça às bruxas”

Fundador do site WikiLeaks, que revelou documentos secretos dos EUA, fez primeiro pronunciamento após se refugiar, há dois meses, na embaixada do Equador em Londres


	Julian Assange: o ativista entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho
 (Olivia Harris/Reuters)

Julian Assange: o ativista entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho (Olivia Harris/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 06h19.

Em pronunciamento neste domingo, feito da sacada da embaixada do Equador em Londres, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, atacou os Estado Unidos e classificou os processos movidos pelo país contra o site como “caça às bruxas”. Essa foi a primeira vez que ele falou desde que precisou se refugiar na embaixada, há dois meses, para evitar sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.

Assange fez um breve discurso, de aproximadamente cinco minutos, sendo constantemente ovacionado pelas pessoas que o acompanhavam do lado de fora da embaixada.

O fundados de WikiLeaks acusou a polícia britânica de tentar entrar na embaixada do Equador e fez ataques aos Estados Unidos. Citou o nome do presidente Obama e pediu que ele acabasse com a “caça às bruxas”, referindo-se aos processos contra WikiLeaks. “Não deve haver mais essa conversa sobre processar qualquer organização de mídia, seja Wikileaks ou o The New York Times”, disse Assange. O jornal americano é um dos veículos que publicou o conteúdo de documentos secretos dos Estados Unidos, revelados pelo WikiLeaks.

Assange pediu asilo no Equador porque teme que, uma vez na Suécia, seja enviado aos Estados Unidos e julgado por traição. O país garantiu o asilo, mas o australiano não tem salvo-conduto para deixar a embaixada e circular pelas ruas de Londre até o aeroporto.

Relação promíscua - Analistas internacionais afirmam que, para se entender a decisão do governo equatoriano de conceder asilo a Assange, é preciso ter em conta que Correa e Assange têm interesses comuns. “Os dois acreditam que os Estados Unidos são um 'império' que precisa ser controlado”, afirmou à rede CNN Robert Amsterdam, advogado especializado em direito internacional. A relação do presidente equatoriano e do criador da WikiLeaks é, aliás, estreita. Correa, por exemplo, já participou do show de TV comandado por Assange, “The World Tomorrow”, transmitido pelo canal de televisão russa R-TV. No programa, ambos trocaram elogios. O australiano definiu Correa como um “líder transformador”. “Sua WikiLeaks nos fez fortes”, respondeu Correa.

Para o analista político equatoriano Jorge Leon, a concessão do asilo a Assange está relacionada às eleições presidenciais, programadas para acontecer em fevereiro de 2013. Segundo ele, a presença de Assange no país pode ser "útil para reforçar a imagem de esquerda de Correa". Não deixa de ser irônica essa aproximação entre um homem que se proclama defensor incondicional do direito de expressão, como Assange, com um dos grandes perseguidores da imprensa independente, como Correa. O presidente equatoriano é famoso por processar jornalistas e recomendar a ministros que não deem entrevistas. Para Amsterdam, Assange parece agora estar mais interessado em se salvar do que em defender a imprensa livre.

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