Presidente da Argentina, Alberto Fernández: país vai pagar parte da dívida ao FMI (Juan Mabromata/Pool/Reuters)
Da redação, com agências
Publicado em 22 de setembro de 2021 às 13h40.
A Argentina fará um pagamento de quase 1,9 bilhão de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira, 22, de acordo com duas fontes do governo e a agência de notícias estatal Telam.
O pagamento faz parte da amortização de uma dívida de 45 bilhões de reais que a Argentina detém com o FMI.
O pagamento será feito com recursos que a Argentina recebeu do programa de Direitos Especiais de Saque (SDRs, na sigla em inglês), ativos em moeda estrangeira que o próprio FMI distribuiu em agosto para ajudar membros da instituição a combater as consequências econômicas do coronavírus.
A agência de notícias estatal Telam confirmou que os recursos dos SDRs seriam usados para permitir a transferência dos quase 1,9 bilhão de dólares.
Pelo cronograma da dívida, a Argentina precisa fazer um pagamento ao FMI de 400 milhões de dólares em juros em novembro e de cerca de 1,9 bilhão de dólares em principal em dezembro.
Apesar do pagamento de hoje, o país sul-americano está em negociações com o Fundo para reestruturar a dívida, num momento em que sua economia tem sido prejudicada por uma inflação persistentemente alta e aumento da pobreza.
A Argentina já vinha em crise nos últimos anos, mas os problemas foram agravados pela pandemia ainda em curso.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU na terça-feira, 21, o presidente argentino Alberto Fernández cobrou reformulação dos organismos multilaterais e que os países em desenvolvimento não sejam excessivamente penalizados pela crise.
Fernández, de centro-esquerda, herdou a dívida contraída sobretudo na gestão do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), de centro-direita e que perdeu a reeleição em 2019.
Outros culpam também políticas dos governos Cristina Kirchner (2007-15) pelo cenário de hiperinflação e cenário econômico desfavorável.
No ano passado, o governo Fernández e seu ministro da Economia, Martín Guzmán, conseguiram renegociar parte da dívida que era devida a credores internacionais, o que foi visto como uma vitória política do presidente. No entanto, a negociação com o FMI não avançou.
O governo Fernández, que é visto como mais moderado do que Kirchner e tem a ex-presidente como vice, também vive uma crise política interna.
Seu partido perdeu neste mês as primárias argentinas para o Legislativo, que costumam ser uma mostra quase sempre certeira dos resultados da eleição geral e indicam que o governo pode perder cadeiras no Congresso.
Enquanto isso, parte dos ministros, sobretudo ligados a Kirchner, se demitiram do gabinete de Fernández, o que já simboliza um embate interno entre a vice e o presidente.
A Argentina tem hoje 64% da população vacinada com ao menos uma dose, e 44% totalmente vacinada.
(Com Reuters)
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