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Argentina considera absurdo enclave das Malvinas a 14 mil km

Cristina Kirchner considerou nesta segunda-feira "absurdo" manter o domínio britânico das Ilhas Malvinas, localizadas a 14.000 km de distância da Grã-Bretanha

Cristina Kirchner: "estas terras correspondem à nossa plataforma marítima" (Jeff Zelevansky/Getty Images)

Cristina Kirchner: "estas terras correspondem à nossa plataforma marítima" (Jeff Zelevansky/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2012 às 16h22.

Ushuaia - A presidente argentina, Cristina Kirchner, considerou nesta segunda-feira "absurdo" manter o domínio britânico das Ilhas Malvinas, localizadas a 14.000 km de distância da Grã-Bretanha, no aniversário de 30 anos da guerra entre os dois países pelo domínio do arquipélago.

"É absurdo manter a 14.000 km o domínio (das Malvinas), quando estas terras correspondem à nossa plataforma marítima", disse Kirchner durante o ato central em memória aos mortos da guerra das Malvinas realizado em Ushuaia, cidade no extremo sul do mundo.

A mandatária argentina voltou a pedir que a Grã-Bretanha aceite dialogar sobre a disputa da soberania nas ilhas do Atlântico Sul, em respeito ao desejo dos 3.000 habitantes do arquipélago.

"Não queremos nada mais do que o diálogo entre os dois países para discutir a questão de soberania, respeitando o interesse dos habitantes, da maneira como assinalam as resoluções das Nações Unidas", afirmou a presidente aos moradores de Ushuaia e veteranos da guerra, na qual morreram 649 argentinos e 255 britânicos.

Em um discurso de 20 minutos sob um frio intenso, a chefe de Estado disse ser "uma injustiça que em pleno século XXI existam enclaves coloniais. De um total de 16 enclaves, 10 são do Reino Unido".

Cameron que havia afirmado que "o ato de agressão" cometido pela Argentina há 30 anos tinha a intenção de "roubar a liberdade" dos habitantes das Malvinas, recebeu uma resposta da presidente.

"Não só a liberdade dos habitantes da ilha foi atacada; parece que (David Cameron) não se deu conta de que a liberdade de todos os argentinos estava comprometida, houve milhares de desaparecidos", afirmou Kirchner, referindo-se à ditadura argentina (1976-83), em resposta ao primeiro-ministro britânico.

Em seu discurso, a presidente informou que na sexta-feira passada enviou uma carta ao chefe da Cruz Vermelha Internacional para "interceder junto ao Reino Unido para identificar os argentinos e britânicos", cujos restos mortais permanecem anônimos desde o fim da guerra.

Estima-se que dezenas de soldados ainda não tenham sido identificados desde o conflito de 74 dias, que terminou em 14 de junho de 1982 com a rendição das tropas da Argentina, então governada por uma ditadura.

Usuhaia é a capital da Terra do Fogo, província em cuja jurisdição está as Malvinas, segundo a Constituição nacional reformulada em 1994.

"Pedimos justiça porque queremos que esta região continue sendo uma área desmilitarizada. Não queremos tambores e capacetes de guerra, a única coisa que queremos são capacetes de trabalhadores", ressaltou Kirchner.

O Ministério da Defesa britânico anunciou nesta segunda-feira que o destróier da Marinha britânica "HMS Dauntless" zarpará nesta semana rumo ao Atlântico Sul para uma missão de seis meses.

O 30 º aniversário da guerra acontece em meio a tensão diplomática entre Buenos Aires e Londres pela disputa de soberania sobre as ilhas.

A Argentina recebeu a solidariedade da América Latina na disputa com a Grã-Bretanha. Os países do Mercosul, como Brasil, Uruguai e Chile chegaram a impedir a entrada de navios com a bandeira das Malvinas em seus respectivos portos.

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