Após vizinho do Norte, Coreia do Sul vai lançar 'satélite espião' com empresa de Elon Musk
Entrada em órbita do Malligyong-1 desafiou resoluções da ONU, que proíbem Pyongyang de utilizar tecnologias de mísseis balísticos
Agência de notícias
Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 07h31.
Última atualização em 1 de dezembro de 2023 às 07h31.
A Coreia do Sul lançará seu primeiro satélite espião militar na manhã de sábado em um foguete SpaceX, disse o Ministério da Defesa de Seul, intensificando uma corrida espacial na península depois que Pyongyang lançou seu primeiro olho militar no céu no mês passado.
O satélite de reconhecimento de Seul, transportado por um dos foguetes SpaceX Falcon 9 de Elon Musk, decolará da Base da Força Espacial dos EUA em Vandenberg, na Califórnia, às 03h19, horário de Seul (GMT 1819), disse um funcionário do Ministério da Defesa a repórteres na sexta-feira.
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A SpaceX divulgou uma foto de seu foguete Falcon 9 erguido verticalmente na plataforma de lançamento com as letras “KOREA” estampadas nele.
Se for colocado em órbita com sucesso, a Coreia do Sul terá adquirido o seu primeiro satélite espião construído internamente para monitorizar a Coreia do Norte com armas nucleares.
Seul planeia lançar quatro satélites espiões adicionais até ao final de 2025 para reforçar a sua capacidade de reconhecimento sobre o Norte.
Preparado para orbitar entre 400 e 600 quilômetros acima da Terra, o satélite de Seul é capaz de detectar um objeto tão pequeno quanto “30 centímetros” (11,8 polegadas), segundo a agência de notícias Yonhap.
"Considerando a resolução e a sua capacidade de observação da Terra... a nossa tecnologia de satélite está entre as cinco primeiras a nível mundial", disse o funcionário do Ministério da Defesa, citado pela Yonhap.
Lançamento
O lançamento ocorre menos de duas semanas depois de Pyongyang ter colocado em órbita com sucesso o seu próprio satélite espião.
“Até agora, a Coreia do Sul tem dependido fortemente de satélites-espiões operados pelos EUA” quando se trata de monitorizar o Norte, disse à AFP Choi Gi-il, professor de estudos militares na Universidade Sangji.
Embora o Sul tenha “conseguido lançar um satélite de comunicações militares, demorou muito mais tempo para lançar um satélite de reconhecimento devido a maiores obstáculos tecnológicos”, disse ele.
Após o lançamento bem sucedido do seu próprio satélite espião pelo Norte, Choi disse, “o governo sul-coreano precisa demonstrar que também pode conseguir isso”.
Especialistas disseram que colocar em órbita um satélite de reconhecimento funcional melhoraria as capacidades de coleta de informações da Coreia do Norte, especialmente sobre a Coreia do Sul, e forneceria dados cruciais em qualquer conflito militar.
Desde o lançamento da semana passada, o Norte afirmou que o seu novo olho no céu forneceu imagens dos principais locais militares dos EUA e da Coreia do Sul, bem como fotos da capital italiana, Roma.
Ainda não divulgou nenhuma das imagens de satélite que afirma possuir.
O lançamento do "Malligyong-1" na semana passada foi a terceira tentativa de Pyongyang de colocar tal satélite em órbita, depois de dois fracassos em maio e agosto.
Seul disse que o Norte recebeu ajuda técnica de Moscou, em troca do fornecimento de armas para uso na guerra da Rússia com a Ucrânia.
A Coreia do Norte afirmou em 22 de novembro que seu líder, Kim Jong-un, examinou imagens de bases dos Estados Unidos na ilha de Guam, no Pacífico, que foram registradas pelo novo satélite de vigilância lançado esta semana.
A entrada em órbita do satélite Malligyong-1, anunciada na terça-feira pela Coreia do Norte, é um desafio às resoluções da ONU que proíbem Pyongyang de utilizar tecnologias de mísseis balísticos.
Kim "observou as fotos aeroespaciais da base aérea de Anderson, o porto de Apra e de outras importantes bases militares das forças americanas feitas no céu de Guam, no Pacífico", afirmou a agência oficial de notícias KCNA, que também citou que as fotografias foram recebidas às 21h21 (locais) de quarta-feira.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, "condenou de maneira veemente o lançamento", informou seu porta-voz, Farhan Haq.
— Qualquer lançamento da Coreia do Norte que utilize tecnologia de mísseis balísticos é contrário às resoluções do Conselho de Segurança — acrescentou.
Após o lançamento, a agência KCNA afirmou que a Coreia do Norte pretende lançar outros satélites "a curto prazo".
"O lançamento de um satélite de reconhecimento é um direito legítimo da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) para reforçar suas capacidades de autodefesa", destacou.
A Coreia do Sul reagiu ao lançamento com o anúncio de que retomará as operações de vigilância na fronteira com a Coreia do Norte, que foram suspensas em 2018 no âmbito de um acordo para reduzir as tensões militares.
O lançamento também foi condenado por Japão e Estados Unidos, no momento em que a aproximação entre Coreia do Norte e Rússia preocupa a Washington e seus aliados na região.
A Coreia do Sul afirma que Pyongyang fornece armas a Moscou em troca de tecnologias espaciais russas