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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.
Christian Streiff renunciou à presidência da Airbus nesta segunda-feira (9/10), apenas três meses após ascender ao posto. De acordo com o jornal americano The New York Times, o executivo envolveu-se em fortes divergências com o conselho de administração da companhia, controlado pela EADS. Streiff queria mais autonomia para promover um vigoroso programa de corte de custos, que chegava a 2 bilhões de euros por ano (cerca de 2,5 bilhões de dólares). Mas a EADS pretendia assegurar controle total sobre as operações da Airbus.
A própria EADS, nesta segunda-feira, não escondeu que a saída de Streiff foi causada pelos desencontros com a direção da companhia. "Dissemos que a Airbus seria mais integrada pela EADS. Streiff deveria estar consciente disso, quando aceitou o trabalho. Obviamente, ele não prestou muita atenção a esta orientação política", afirmou o diretor de comunicação da EADS, Christian Poppe.
De acordo com a publicação americana, a principal divergência era sobre a reestruturação da produção do A380, superjumbo com capacidade nominal para mais de 500 passageiros. A companhia enfrenta dificuldades na sua fabricação, que já acarretaram diversos atrasos na previsão de entrega dos primeiros pedidos - as encomendas do A380 já chegam a 159. Sua maior cliente, a Emirates Airlines, responsável por 43 pedidos, já começou a reavaliar as opções de compra, irritada com os atrasos.
Para resolver o problema, Streiff desejava transferir uma parcela maior da produção do A380 de Hamburgo, na Alemanha, para Toulouse, na França. A intenção colidiu com os interesse políticos alemães. O próprio ministro das Finanças da Alemanha, Peer Steinbrück, declarou hoje que espera que as empresas alemãs recebam a mesma atenção que as companhias de outros países, numa referência indireta ao caso.
A presidência da Airbus será ocupada por Louis Gallois, um dos dois presidentes-executivos que dividem a direção da EADS - o outro é o alemão Thomas Enders. De acordo com os analistas, Gallois deve manter muito do plano original de Streiff, mas o ritmo de implantação das mudanças será menor.