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Após renúncia de Cuomo, NY terá primeira governadora mulher da história

O governador Andrew Cuomo renunciou ao cargo após denúncias de assédio. A vice Kathy Hochul será a primeira mulher no cargo em 233 anos de história em Nova York

Hochul na Marcha das Mulheres, de 2020: posicionamento da futura governadora ainda é incógnita (John Lamparski/Getty Images)

Hochul na Marcha das Mulheres, de 2020: posicionamento da futura governadora ainda é incógnita (John Lamparski/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 10 de agosto de 2021 às 15h40.

Última atualização em 11 de agosto de 2021 às 14h09.

A jurista Kathleen Courtney Hochul, de 62 anos, fará história nos Estados Unidos em 24 de agosto.

Com a renúncia do governador de Nova York, Andrew Cuomo, que deixará o cargo em duas semanas diante de denúncias graves de assédio, Hochul se tornará a partir desta data a primeira governadora mulher do estado. Será a primeira nos mais de 230 anos de Nova York.

Após o anúncio de Cuomo, Hochul disse em comunicado nas redes sociais que a saída do governador era "a coisa certa a se fazer e no melhor interesse dos nova-iorquinos” e disse estar preparada para o mandato. Uma nova eleição acontece em 2022.

Este é o segundo mandato em que ela participa do como vice de Cuomo, o primeiro tendo sido após a eleição de 2014 (o governador está no cargo desde 2011).

A carreira política da futura governadora até aqui é modesta.

Antes do governo estadual, seu principal cargo foi como deputada federal eleita em NY por um mandato, entre 2011 e 2013, uma eleição difícil em distrito controlado pelos republicanos.

Mas no pleito seguinte, a jurista não obteve a reeleição, perdendo em seu distrito para o republicano conservador Chris Collins por margem apertada (51% a 49%).

Hochul nasceu em Buffalo, segunda maior cidade do estado de Nova York, com pouco mais de 250.000 habitantes, e tem seis irmãos.

Ela se formou na Syracuse University, também no estado de Nova York, e estudou Direito (o que, nos EUA, só ocorre na pós-graduação) em uma instituição católica, a Catholic University of America, onde frequentou a Columbus School of Law.

Sua família é católica e ela até hoje se diz praticante da religião.

Hochul, apesar de se declarar a favor de pautas como os direitos reprodutivos das mulheres, não está necessariamente na ala mais progressista do Partido Democrata, assim como Cuomo.

Na campanha para deputada federal, quando tentava vencer em um distrito conservador, ela se classificou como uma "democrata independente". No passado, também chegou a receber apoio da NRA, associação de rifles e grande apoiadora de políticos conservadores, sobretudo no Partido Republicano.

Hochul: cargo mais importante da futura governadora foi como deputada federal (Cindy Ord/National Institute for Reproductive Health/Getty Images)

Apesar disso, Hochul é vista como defensora de direitos básicos das mulheres, como licença maternidade paga, além de pautas caras aos democratas, como aumento do salário mínimo.

Antes de sua primeira eleição, ela trabalhou como assistente jurídica em escritórios do setor público em Nova York. Seu primeiro cargo eletivo foi em 1994, como vereadora no conselho municipal na cidade de Hamburgo, pequena cidade de menos de 60.000 habitantes no estado de Nova York. Ela ficaria no cargo até 2007.

Renúncia de Cuomo

Aos 68 anos e ex-procurador do estado, Cuomo estava no governo desde 2011, pelo Partido Democrata.

Os Cuomo são uma das famílias mais importantes da política americana. Cuomo é filho do ex-governador Mario Cuomo, que esteve no cargo em NY por três mandatos, de 1983 a 1994, e irmão do jornalista da CNN Chris Cuomo.

A renúncia já era vista como uma possibilidade nas últimas semanas, à medida em que Cuomo passava a correr risco real de impeachment, mesmo com a maioria na Assembleia Legislativa sendo de seu partido.

Uma investigação sobre as denúncias mostrou que Cuomo apalpou, beijou e abraçou mulheres sem consentimento e que fez comentários inadequados a um total de 11 delas. A procuradora-geral Letitia James, responsável pelo caso, acrescentou que o gabinete do democrata se tornou um "ambiente de trabalho tóxico" que permitiu que o assédio ocorresse.

A vaga para candidato democrata para as eleições de 2022 também fica agora mais aberta - antes, haviam primárias no partido, mas ganhar de Cuomo em Nova York era quase impossível.

Uma vez que a cidade de Nova York (a mais populosa do estado de mesmo nome) é amplamente progressista, o estado costuma eleger majoritariamente governadores democratas. O último republicano eleito foi somente George Pataki, governador entre 1995 e 2006.

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