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Após perder eleição, ex-premiê da Malásia é acusado de corrupção

Além do abuso de poder, Najib recebeu três acusações de quebra de confiança criminosa, que podem acarretar até 20 anos de prisão

Najib: ele recebeu ordens para entregar seus passaportes, e o juiz marcou seu julgamento para 18 de fevereiro do ano que vem (Lai Seng Sin/Reuters)

Najib: ele recebeu ordens para entregar seus passaportes, e o juiz marcou seu julgamento para 18 de fevereiro do ano que vem (Lai Seng Sin/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de julho de 2018 às 11h19.

Kuala Lumpur - Oito semanas depois de perder uma eleição, o ex-primeiro-ministro malaio Najib Razak foi acusado nesta quarta-feira de abuso de poder e quebra de confiança em uma investigação que analisa como bilhões de dólares desapareceram de um fundo estatal.

Najib, que foi detido na terça-feira, se declarou inocente, mas as acusações e seu comparecimento ao tribunal foram a culminação de uma queda rápida e surpreendente para um premiê que liderou o país durante quase uma década.

"Acredito em minha inocência, e esta é a melhor chance de limpar meu nome", disse Najib aos repórteres do lado de fora da corte, depois de ser solto mediante uma fiança equivalente a 247 mil dólares.

Muitos jornalistas e curiosos se acotovelaram para ter um vislumbre de Najib, e alguns apoiadores de seu partido UMNO cantaram e ergueram cartazes em apoio a um homem cujo pai, o segundo primeiro-ministro da Malásia, é tido em alta conta.

Redes de televisão nacionais mostraram imagens ao vivo do comboio de Najib no tráfego do horário de pico matinal rumo à corte da capital, Kuala Lumpur, um espetáculo extraordinário que poucos poderiam ter imaginado antes da surpresa da eleição de 9 de maio.

Najib escapou de alegações de corrupção durante três anos após revelações feitas em 2015 a respeito de milhões de dólares do problemático fundo estatal 1MDB que foram desviados para suas contas pessoais.

Mas sua vida desmoronou desde a vitória eleitoral de seu antigo mentor e político mais calejado do país, Mahathir Mohamad, que voltou ao cargo de premiê que ocupou entre 1981 e 2003.

Mahathir reabriu uma investigação sobre o fundo 1Malaysia Development Berhad (1MDB) e proibiu que Najib deixe o país. As acusações desta quarta-feira foram o cumprimento de uma promessa eleitoral de processar Najib, que ele chamou de "ladrão" durante a campanha.

Além do abuso de poder, Najib recebeu três acusações de quebra de confiança criminosa, que podem acarretar até 20 anos de prisão. A acusação de abuso de poder implica em uma multa equivalente a cinco vezes o "valor da gratificação".

Ele recebeu ordens para entregar seus passaportes, e o juiz marcou seu julgamento para 18 de fevereiro do ano que vem.

As acusações desta quarta-feira se relacionam a fundos de cerca de 10,4 milhões de dólares que supostamente foram da SRC International, uma antiga unidade da 1MDB, para a conta bancária pessoal de Najib – uma fração dos 4,5 bilhões de dólares que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse terem sido desviados do 1MDB.

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