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Após fala de Maduro, Lula envia Celso Amorim para acompanhar eleição na Venezuela

Petista tem defendido respeito pelos Acordos de Barbados, documento que garante a plena participação da oposição no pleito, além de resultados reconhecidos por todos

Agência o Globo
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Publicado em 22 de julho de 2024 às 17h05.

Última atualização em 22 de julho de 2024 às 17h22.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à imprensa internacional nesta segunda-feira que, além dos dois observadores que a Justiça eleitoral brasileira enviará à Venezuela para as eleições de domingo, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, também viajará ao país para acompanhar o pleito. Lula tem defendido o respeito pelo que foi acordado nos Acordos de Barbados, documento assinado no país que garante a plena participação da oposição e resultados reconhecidos por todos.

O petista também disse ter ficado assustado com as advertências do líder chavista Nicolás Maduro sobre um possível “banho de sangue” na Venezuela em caso de derrota nas eleições marcadas para o próximo domingo.

A fala do venezuelano, feita na última quinta-feira, ocorreu num momento em que crescem as afirmações da oposição de que há uma repressão cada vez maior por parte do governo. No mesmo dia, a líder oposicionista María Corina Machado, que foi impedida de concorrer, denunciou ter sido alvo de um plano de atentado — e afirmou que, horas antes, seu funcionário de segurança havia sido “sequestrado”.

"Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma banho de votos, não de sangue", disse o presidente brasileiro durante entrevista coletiva em Brasília.

Embora Lula tenha defendido a presença de observadores internacionais durante o pleito venezuelano — e já tenha expressado “preocupação” com o veto à opositora María Corina —, o silêncio do governo brasileiro sobre as declarações de Maduro causou incômodo na região. Enquanto Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai exigiram conjuntamente o “fim do assédio, perseguição e repressão” a opositores, a administração brasileira minimizou o ocorrido no país vizinho ao afirmar que a fala poderia ser “apenas retórica” de Maduro.

Segundo interlocutores da área diplomática ouvidos pelo O Globo, o Brasil só vai atuar na questão se for chamado por representantes de Maduro e da oposição, “dentro do espírito de Barbados”. Mediado pela Noruega e com ajuda de vários países (como Brasil, Colômbia e Estados Unidos), o pacto assinado em outubro passado prevê eleições livres, justas, transparentes e aceitas pelos dois lados em disputa. Um diplomata afirmou que a eleição venezuelana é um assunto local, e que, para evitar a interpretação de interferência do governo brasileiro em assuntos internos, o Brasil precisa ser chamado para poder se manifestar.

Celso Amorim conversou na última quarta-feira com o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, sobre a situação na Venezuela. A expectativa é de que os americanos endureçam as sanções em vigor contra o governo de Maduro caso o venezuelano não aceite uma eventual derrota. Um dia depois, Amorim disse que a fala do presidente da Venezuela “não é desejável”. Ele pontuou que tem mantido contato com os dois lados e que acredita que a eleição ocorrerá sem problemas.

Relação com os EUA

O presidente também se manifestou sobre os últimos acontecimentos políticos nos EUA, minimizando a saída do presidente Joe Biden da corrida pela Casa Branca. Nas últimas semanas, o petista defendeu o voto no democrata como forma de barrar a volta de Donald Trump ao cargo. Após Biden anunciar que desistiu de tentar a reeleição, Lula disse que a relação do Brasil será com “quem for eleito” e defendeu que o governo brasileiro quer manter uma “parceria estratégica” com os americanos.

"Eles vão escolher uma candidata ou um candidato, e que o melhor vença a eleição. A relação do Brasil será com quem for eleito. Temos uma parceria estratégica com os Estados Unidos e queremos mantê-la", disse Lula, acrescentando que somente o próprio Biden poderia decidir se ele tinha condições ou não de disputar o pleito. "Eu fiquei muito feliz quando o presidente Biden foi eleito e mais ainda pelos posicionamentos dele em defesa dos trabalhadores. Estabelecemos juntos uma parceria estratégica em defesa do trabalho decente no mundo."

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