Após 1 milhão de mortes por covid-19, a doença está desacelerando?
O mundo chegou a 1 milhão de mortes por coronavírus nesta segunda-feira, 28. Veja como está o patamar de contágios nas diferentes regiões
Carolina Riveira
Publicado em 28 de setembro de 2020 às 23h05.
Última atualização em 29 de setembro de 2020 às 17h54.
Quase oito meses depois do começo oficial da pandemia, o mundo chegou nesta segunda-feira, 28, à triste marca de 1 milhão de mortes pelo novocoronavírus.
Os Estados Unidos seguem sendo o país com mais mortes, tendo superado o patamar de 204.000 vítimas nesta semana. O Brasil vem logo atrás, com mais de 141.000 mortes pela covid-19, a doença causada pelo vírus.
Os números são do mapa da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que vem contabilizando desde o começo da crise o número de vítimas e casos com base nos dados oficiais dos países.
Após um longo tempo de exposição da humanidade à doença, que teve os primeiros registros feitos em Wuhan, na China, alguns lugares conseguiram desacelerar sua curva de contágio.
Ainda assim, a Organização Mundial da Saúde ( OMS ) estima que o número de vítimas fatais do coronavírus ainda pode dobrar, chegando a 2 milhões de mortes antes que se descubra uma vacina.
O diretor de situações de emergência da OMS, Michael Ryan, disse na sexta-feira, 25, que 2 milhões de mortes são "muito prováveis" sem ações de larga escala contra o vírus.
Atualmente, têm sido registradas cerca de 5.000 mortes por dia, um número que é bastante parecido à taxa dos meses anteriores. Ou seja, o coronavírus não está desacelerando na velocidade com que o mundo gostaria.
O coronavírus ainda cresce de forma exponencial. Desde a primeira morte por covid-19, em 22 de janeiro na China, o mundo levou três meses para registrar 10.000 vítimas, o que só aconteceu em meados de março.
Depois, o número cresceu dez vezes em menos de um mês, e já em abril a marca chegava a 100.000 mortes. As 500.000 mortes vieram em junho, pouco mais de dois meses depois, até chegarmos ao 1 milhão neste mês de setembro.
A boa notícia é que pegar covid-19 tem se tornado um pouco menos fatal. O número de mortes vem conseguindo se manter relativamente constante apesar do crescimento do número de casos diários -- que quase dobrou nos últimos meses, de cerca de 90.000 por dia em abril para mais de 240.000 recentemente.
A taxa de mortalidade menor se deve a avanços como a redução da ocupação dos leitos de UTI -- no começo da crise, muita gente morreu por falta de hospital -- e ao avanço da medicina no tratamento. Foram descobertas formas melhores de entubar e evitar crises respiratórias os pacientes, embora ainda não haja um remédio capaz de aniquilar o vírus como acontece com outras doenças.
Onde a situação está pior
Uma das maiores preocupações é a "segunda onda" do coronavírus, que atinge com força a Europa nas últimas semanas, além de lugares que já haviam controlado o vírus, como Israel. A volta do aumento de casos e mortes tem feito vários países europeus voltarem a fechar parte do comércio e implementar novas medidas de quarentena e até lockdown.
Só na Europa, o número de casos cresceu 92% em um mês, segundo números compilados pela Exame Research , casa de análise de investimento da EXAME.
A Índia, segundo país mais populoso do mundo, também vem tendo alta e sofre para conter o vírus, embora tenha conseguido evitar uma alta grande de vítimas no começo da crise.
No Brasil, cada estado tem um cenário: 14 estados têm a situação estável, nove têm cenário de queda. Mas a situação ainda é muito instável. Dos brasileiros, seis estados estão com alta de mortes recente: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, Amapá, Roraima e Bahia.
O estado do Rio, por exemplo, vinha tendo queda em casos, mas viu a curva voltar a subir em meio à reabertura e aglomerações frequentes. Neste fim de semana, com recorde de calor, a capital carioca voltou a registrar aglomeração em praias e bares.
Ao todo, o Brasil tem registrado média móvel de cerca de 700 mortes por dia, uma queda de pouco mais de 10% nos últimos meses, mas ainda considerada alta.
Quanto falta para uma vacina
Sem um remédio, a maior expectativa para uma volta verdadeira à normalidade é uma vacina. As projeções mais otimistas apontam que as primeiras vacinas podem ser aprovadas em novembro ou mesmo outubro, embora as vacinações só devam acontecer nos meses seguintes.
No Brasil, que tem acordos para fabricação e compra de algumas das vacinas em teste, as projeções apontam para uma vacinação dos profissionais essenciais ainda neste ano e de vacina disponível para toda a população a partir do ano que vem.
Algumas das vacinas vêm sendo testadas no Brasil, como a vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford, testada em todo o Brasil em parceria com a Fiocruz, e a da chinesa Sinovac, testada em parceria com o Instituto Butantan.
Também está sendo testada no Brasil a vacina da americana Pfizer com a startup alemã BioNTech -- que usa uma tecnologia nova, com RNA mensageiro --, embora em número menor, com 2.000 voluntários. O governo do Paraná, por sua vez, tem negociação com a Rússia para fabricar a Sputnik V, vacina fabricada no país e que o governo russo já aprovou, embora os testes ainda não tenham sido concluídos.
O Brasil também entrou no consórcio global da ONU para garantir vacinas a todos os países. Após incertezas sobre aderir ou não ao programa, o governo brasileiro terminou editando nesta semana uma portaria para liberar 2,5 bilhões de reais ao pacto de vacinação global.
Ao participar da iniciativa, a Covax, o Brasil terá direito a comprar vacinas para imunizar 10% da população -- incluindo vacinas além das de Oxford ou Sinovac, com as quais o país não tem acordo ainda.