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Apesar de trégua, regime bombardeia rebeldes perto de Damasco

Vigente há quatro dias, cessar-fogo deveria abrir caminho para negociações de paz previstas para o final de janeiro

Síria: a trégua é ameaçada pelos bombardeios a Wadi Barada, região controlada pelos rebeldes (AFP/Getty Images/Getty Images)

Síria: a trégua é ameaçada pelos bombardeios a Wadi Barada, região controlada pelos rebeldes (AFP/Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 14h55.

Última atualização em 2 de janeiro de 2017 às 14h57.

O exército sírio voltou a bombardear nesta segunda-feira uma região rebelde perto de Damasco para tentar recuperar o controle de fontes de água vitais para a capital, enquanto os insurgentes denunciam uma violação da trégua global.

Vigente há quatro dias, o enésimo cessar-fogo neste conflito, que já dura seis anos, deveria abrir caminho para negociações de paz previstas para o final de janeiro em Astana (Cazaquistão), patrocinadas por Moscou e Teerã, que apoiam o regime, e Ancara, que apoia os rebeldes.

Mas a trégua é ameaçada pelos bombardeios a Wadi Barada, região controlada pelos rebeldes a 15 km de Damasco, onde estão localizadas as principais fontes de água potável que abastecem os quatro milhões de habitantes da cidade e região circundante.

Há duas semanas, antes da trégua apadrinhada pela Rússia e Turquia, a Força Aérea bombardeou esta área quase que diariamente, e as tropas do governo avançavam nesta segunda-feira para os arredores de Ain al-Fige, uma importante fonte de água.

Advertência rebelde

"Bombardeando Wadi Barada por ar e com artilharia, as tropas do regime, apoiadas pelo Hezbollah xiita libanês, avançaram na área e estão em torno de Ain al-Fige", informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que afirma que os combates continuam.

Em 25 de dezembro, o governo acusou os rebeldes de "contaminar com diesel" a rede de abastecimento de água, enquanto estes últimos apontam sua negligência. Há uma semana falta água em Damasco e seus habitantes fazem fila ante caminhões-pipa.

Neste contexto, os rebeldes de Wadi Barada alertaram para o perigo que paira sobre a trégua.

"Pedimos aos patrocinadores da trégua que assumam a responsabilidade e pressionem o regime e suas milícias aliadas para parar as violações flagrantes do acordo", caso contrário, "vamos chamar todas as facções rebeldes que operam na Síria a desobedecer o acordo e inflamar as frentes", disseram em um comunicado.

Membros do grupo extremista islâmico Fateh al-Sham, ex-facção da Al-Qaeda na Síria, lutam ao lado dos rebeldes na região. Este grupo, assim como o Estado Islâmico (EI), está excluído da trégua, por isso este cessar-fogo é muito difícil de ser aplicado.

Enfraquecidos, estes grupos rebeldes não podem se afastar da formação extremista, melhor equipados e fundamental na luta contra o regime.

Por sua vez, o EI atua sozinho nas regiões que controla no norte da Síria, onde continuar a sofrer os bombardeios das aviações russa, americana, turca e síria.

Processo político

Para dar mais peso à sua iniciativa, a Rússia obteve no sábado o apoio do Conselho de Segurança da ONU, ainda que moderado.

Apoiando "os esforços da Rússia e da Turquia para acabar com a violência na Síria e lançar um processo político, o Conselho de Segurança" se limitou a tomar nota dos termos do acordo, recordando a necessidade de implementar "todas as resoluções pertinentes da ONU".

Entre elas, a 2254 revê, por iniciativa de Washington, estabelecer um roteiro abrangente para acabar com a crise.

Em plena transição política e à espera da posse de Donald Trump, os Estados Unidos, que apoiam a oposição a Damasco, não participou das negociações daúltima trégua.

As negociações de Astana deverão preceder as discussões em Genebra, em fevereiro, enquanto todos os diálogos intersírios anteriores não permitiram vislumbrar uma solução para o conflito, que já causou mais de 310.000 mortes e milhões de refugiados.

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