Autoridades da Coreia do Sul e do Norte inauguram obras para melhoria de via ferroviária que liga os dois países (Yonhap/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 29 de dezembro de 2018 às 06h00.
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul organizaram uma cerimônia simbólica de início de obras para melhorar as conexões ferroviárias cortadas, apesar de o projeto ainda necessitar da aprovação do Conselho de Segurança da ONU para avançar.
Os planos, há muito tempo parados, para restaurar as conexões ferroviárias, cortadas durante a Guerra da Coreia, foram revividos em cúpulas históricas pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, e pelo presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, neste ano. Embora a Coreia do Sul tenha afirmado que o Conselho de Segurança concedeu uma isenção às sanções das Nações Unidas na terça-feira para permitir a realização da cerimônia, seria necessário um passo adicional para iniciar a construção.
“O resultado do projeto ferroviário e rodoviário das Coreias do Norte e do Sul depende da força e da vontade mental de nosso país. Se nos deixarmos influenciar pelos pontos de vista de outros, não conseguiremos alcançar a unificação que o nosso país quer”, disse Kim Yun Hyok, vice-ministro de Ferrovias da Coreia do Norte, durante a cerimônia, segundo a rede de TV YTN.
“As estradas de ferro agora também desempenharão um papel para reduzir a distância entre os corações da Coreia do Sul e da Coreia do Norte”, disse a ministra sul-coreana dos Transportes, Kim Hyun-mee.
O projeto ferroviário foi lançado pela primeira vez há mais de 15 anos, mas foi frustrado pela aspereza política e pelas sanções globais impostas a Pyongyang por desenvolver armas nucleares. Os EUA, que detêm poder de veto no Conselho de Segurança, se recusaram a aliviar as sanções econômicas enquanto a Coreia do Norte não tomar medidas para o desarmamento, e as negociações entre as duas partes têm progredido pouco.
Seul afirmou que as obras para modernizar as estradas de ferro e as rodovias norte-coreanas antes de conectá-las com as da Coreia do Sul só começariam quando as sanções internacionais contra Pyongyang fossem suspensas e acrescentou que a construção depende das medidas de desnuclearização tomadas pela Coreia do Norte.
O último serviço ferroviário durante a Guerra da Coreia, de 1950 a 1953, foi em 1951, quando um trem transportando soldados e refugiados feridos cruzou a fronteira para a Coreia do Sul. Depois disso, as conexões permaneceram cortadas durante décadas.
Mas alguns anos após a primeira cúpula de líderes da península dividida, em 2000, a Coreia do Sul construiu estradas e restaurou as conexões ferroviárias para a região da fronteira com a Coreia do Norte. Por um breve período, cerca de uma década atrás, a Coreia do Sul mandou trens de carga para Gaeseong, onde a Coreia do Sul tinha um parque industrial, mas as tensões políticas minaram o projeto.
A aproximação de Moon à Coreia do Norte incluiu três cúpulas com Kim Jong Un neste ano, mas elas foram limitadas devido às sanções internacionais e ao ritmo lento da diplomacia entre as duas partes.
O embaixador da China na Coreia do Sul, Qiu Guohong, disse à sul-coreana Kim Hyun-mee durante o evento desta quarta-feira que acreditava que o projeto ferroviário ajudará na desnuclearização.