Tenda com refugiados sírios: "União Europeia fracassou em sua contribuição para abrigar os refugiados que perderam tudo, com exceção da vida", disse organização (Nikolay Doychinov/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 08h58.
Londres - A Anistia Internacional (AI) acusou nesta sexta-feira os países europeus de erguer uma fortaleza para se proteger dos refugiados sírios, que são autorizados a entrar em quantidades "lamentáveis", segundo a organização.
"A União Europeia fracassou lamentavelmente em sua contribuição para abrigar os refugiados que perderam tudo, com exceção da vida. O número dos que estão dispostos a receber é realmente lamentável", considerou o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty, em um comunicado.
"Os líderes europeus deveriam abaixar a cabeça de vergonha", afirmou.
Os países da UE ofereceram "abrir suas portas a 12.000 dos refugiados mais vulneráveis procedentes da Síria, ou seja, apenas 0,5% dos 2,3 milhões que fugiram do país", afirma a organização de defesa dos direitos humanos, que denuncia as "barricadas da Fortaleza Europa".
A Alemanha é, "de longe, o país mais generoso, comprometendo-se a receber 10.000 refugiados, o que representa 80% dos compromissos da UE", a França oferece apenas 500 lugares, a Espanha 30 e 18 países da UE, entre eles Itália e Reino Unido, não ofereceram nenhum lugar, segundo a AI.
Com a aproximação do inverno, as condições de vida dos cerca de 2,2 milhões de refugiados instalados nos países vizinhos da Síria "se deterioram rapidamente" e com apenas 12.000 lugares propostos pela UE até o fim de 2014 alguns tentam a viagem por seus próprios meios, especialmente pelo mar, afirma a Anistia.
A organização também denuncia a atitude por vezes violenta da polícia e da guarda-costeira na Grécia, assim como as condições por vezes deploráveis de detenção, como na Bulgária.
À margem das 12.000 entradas oferecidas pelos países da UE, 55.000 refugiados sírios conseguiram entrar na Europa e apresentaram pedidos de asilo, segundo a Anistia.
A guerra na Síria, que começou em março de 2011 por uma rebelião popular contra o regime de Bashar al-Assad, custou a vida de mais de 126.000 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).