Aneel: Furnas apresenta graves problemas
Brasília - Ao contrário do que foi alegado na época do blecaute de novembro passado pelo governo e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o sistema de transmissão de Furnas, que transporta a energia de Itaipu para o Sudeste apresenta graves problemas e falhas de manutenção. É o que aponta o relatório da Agência […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
Brasília - Ao contrário do que foi alegado na época do blecaute de novembro passado pelo governo e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o sistema de transmissão de Furnas, que transporta a energia de Itaipu para o Sudeste apresenta graves problemas e falhas de manutenção. É o que aponta o relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a atuação de Furnas no blecaute que deixou 18 Estados sem energia elétrica no dia 10 de novembro do ano passado.
Segundo o documento, que embasa a multa de R$ 53,7 milhões aplicada contra a empresa, essas linhas de transmissão têm "necessidade urgente" de "manutenção adequada, modernização do sistema de proteção, modernização ou substituição das unidades terminais remotas do sistema de supervisão e controle e reciclagem e treinamento em seu pessoal de operação".
Além de cobrar providências, o relatório mostra que os equipamentos do sistema de transmissão de Furnas, que leva a energia de Itaipu ao Sudeste, estavam com sérios problemas e não foram trocados ou consertados. Em dois circuitos que caíram no dia do blecaute, na linha Ivaiporã (PR) - Itaberá (SP), a Aneel ressalta que os para-raios foram classificados como "suspeitos" em estudo feito pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) entre 2004 e 2006, "e não haviam sido substituídos até o dia do blecaute".
Até ferrugem os técnicos da Aneel encontraram em equipamentos importantes da rede de transmissão de Furnas. Diz o relatório: "Foram constatados, pela fiscalização da Aneel, fortes sinais de ferrugem nos isoladores, nos para-raios, nas estruturas metálicas e nas conexões de aterramento da SE Itaberá. Situações semelhantes foram encontradas também nas subestações de Ivaiporã e de Foz do Iguaçu".
Não só os equipamentos estavam defeituosos, como também, segundo a Aneel, "houve demora no processo de recomposição do sistema pela perda das Unidades Terminais Remotas, devido à deficiência do sistema de supervisão e controle de Furnas".
O relatório sustenta que o "obsoletismo" nas instalações de segurança da linha de transmissão já havia sido identificado em 2003. Depois disso, Furnas inclui melhorias a serem implementadas até dezembro de 2006. O programa, porém, foi adiado para dezembro de 2008 e, depois, para dezembro deste ano".
O relatório, assinado por sete técnicos da Aneel, ainda faz uma análise dos prejuízos posteriores ao blecaute. A agência lembra que, por conta das fragilidades no sistema de transmissão de Itaipu, depois do dia 10 de novembro, o transporte de energia da super hidrelétrica foi reduzido. Para compensar, o governo teve de acionar usinas termelétricas. O custo adicional causado no sistema - que pesará nas tarifas de todos os consumidores - chega a R$ 12 milhões por dia.
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