Amorim embarca hoje para a Venezuela e pode se reunir com Maduro e oposição antes das eleições
Escolha de novo presidente ocorre no domingo em clima de tensão
Agência de notícias
Publicado em 26 de julho de 2024 às 07h35.
Última atualização em 26 de julho de 2024 às 07h35.
O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, embarca para Caracas, nesta sexta-feira, 26, com a missão de acompanhar de perto as eleições naVenezuela, previstas para o próximo domingo.
A presença do enviado especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país vizinho tem por objetivo mostrar que o Brasil valoriza o que espera ser um processo democrático, em busca da estabilidade regional. O assessor de Lula não vai como "observador", mas como enviado do presidente brasileiro.
A agenda de Amorim na Venezuela está em construção. São esperadas reuniões com os dois lados: o presidente Nicolás Maduro, candidato à reeleição, e a oposição, representada no pleito por Edmundo González . Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o assessor de Lula preservará a imparcialidade e o equilíbrio nos contados com as partes.
Amorim desembarcará em Caracas em meio a um clima de tensão e incertezas, causado por Nicolás Maduro.Candidato à reeleição, o presidente venezuelano afirmou, nesta semana, que se perdesse a disputa para González, poderia haver um banho de sangue no país. O líder chavista já disse que respeitará o resultado, mas emite sinais contrários.
Desde o ano passado, Amorim tem conversado sobre a situação política na Venezuela com Maduro e representantes da oposição. Ele participou, junto com México, Colômbia, Estados Unidos e Noruega, das negociações para o Acordo de Barbados, em que as partes se comprometeram com eleições livres, justas e aceitas por todos.
Outro interlocutor frequente do ex-chanceler de Lula nos dois primeiros mandatos é o conselheiro para Segurança dos EUA, Jake Sullivan. O governo americano está disposto a retirar sanções econômicas ao país, que afetam principalmente o setor de petróleo, se as eleições forem democráticas e Maduro deixar o poder com uma transição pacífica, caso seja derrotado por González.
Na última terça-feira, Amorim afirmou ao GLOBO que não haverá mais motivos para sanções, se as eleições não apresentarem problemas. Disse que o país terá oportunidade de mostrar que a democracia está consolidada.
" OBrasildá grande importância à eleição naVenezuela. Será uma ocasião de demonstrar que a democracia está consolidada e que não há razão para sanções. Por isso, confiamos que o governo venezuelano tomará todas as providências para garantir que as coisas corram dessa maneira", disse.
A avaliação do governo brasileiro é que não há como saber quem vencerá a eleição de domingo, devido às divergências entre as pesquisas de posição. Essa é a mesma interpretação das autoridades colombianas, que também participaram do acordo deBarbados.
Na última quarta-feira, os chanceles do Brasil e da Colômbia, Mauro Vieira e Luis Gilberto Murillo, reuniram-se em Brasília e conversaram sobre o assunto. Outro ponto de convergência foi que o melhor a fazer, neste momento, é não responder às provocações de Maduro.
O líder venezuelano disse, recentemente, que os sistemas eleitorais do Brasil, da Colômbia e dos EUA não são confiáveis. Diante disso, o Tribunal Superior Eleitoral desistiu de enviar observadores para acompanhar as eleições na Venezuela.