Rebeldes sírios em Aleppo: no cenário da atual de guerra civil, os bairros de Aleppo com maioria da população proveniente da zona rural são controlados pela oposição (Bulent Kilic/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2012 às 18h32.
Beirute - Aleppo, segunda cidade mais populosa da Síria, com 2,5 milhões de habitantes, que havia se mantido, até então, à margem da rebelião que começou em 2011 contra o presidente Bashar al-Assad, tornou-se, nas últimas semanas, um dos principais palcos da guerra civil.
Especializada há décadas em manufaturas têxteis graças à qualidade de seu algodão, a cidade chegou a ser a segunda mais importante do Império Otomano, no século XIX, e um importante centro comercial.
Situada na famosa rota da seda e dona de uma rica tradição artesanal, Aleppo foi a capital de uma vasta província que englobava todo o sul da Anatólia e as planícies do norte sírio, até o fim da primeira guerra mundial.
Punida pelo governo de Damasco por causa do apoio dos comerciantes locais à revolta da Irmandade Muçulmana (1979-1982), Aleppo sofreu principalmente com o acordo de livre comércio assinado com a Turquia em 2005, já que muitas pequenas empresas quebraram por causa da concorrência turca.
Contudo, os habitantes de Aleppo souberam retomar sua competitividade ao desenvolver os setores de alimentos agrícolas e de produtos farmacêuticos.
"Aleppo estava calma porque é uma cidade industrial e comercial que acabou sendo favorecida pelo regime depois de 10 anos de sanções", disse o geógrafo Fabrice Balanche, diretor do Grupo de Pesquisas e Estudos sobre o Mediterrâneo e Oriente Médio, da França.
Atraídos por empregos, vários jovens da zona rural, especialmente sunitas e muitos curdos, se instalaram em Aleppo e em seus arredores.
O bairro histórico da cidade, famoso por suas construções que datam do período otomano e da colonização francesa, foi catalogado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 1986.
Os árabes sunitas representam 65% da população e os curdos, da mesma confissão e instalados no norte da cidade, são cerca de 20%. Os cristãos correspondem a aproximadamente 10% e a metade deles é armênia. O restante se divide entre siríacos e maronitas.
Chegando como refugiados a Aleppo em 1939 depois que Alexandreta caiu em mãos turcas, os alauítas são aproximadamente 5% da população da cidade, onde, ao contrário de Damasco e Homs, não se pode falar propriamente de um bairro alauíta além das áreas habitadas por funcionários públicos em Hamdaniyé.
No cenário da atual de guerra civil, os bairros de Aleppo com maioria da população proveniente da zona rural são controlados pela oposição.