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Alemanha expulsa chefe dos serviços secretos americanos

O governo alemão anunciou a expulsão do chefe dos serviços secretos americanos na Alemanha, em função dos supostos casos de espionagem

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert (Johannes Eisele/AFP)

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2014 às 12h28.

Berlim - O governo alemão anunciou nesta quinta-feira a expulsão do chefe dos serviços secretos americanos na Alemanha, em função dos supostos casos de espionagem em benefício de Washington, uma decisão pouco comum entre aliados da Otan.

"Pedimos ao representante dos serviços secretos americanos na embaixada dos Estados Unidos que abandone a Alemanha", declarou o porta-voz do governo, Steffen Seibert, em um comunicado.

A Casa Branca se recusou a comentar a notícia da expulsão, mas ressaltou que os vínculos entre os serviços de inteligência dos dois países são vitais.

"Vimos as informações e não fazemos nenhum comentário sobre um suposto assunto de inteligência", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Caitlin Hayden.

"Mas nossa relação de segurança e inteligência com a Alemanha é muito importante e mantém alemães e americanos a salvo", completou Hayden.

As autoridades alemãs anunciaram na quarta-feira que estão investigando um caso de suposta espionagem por parte de um agente, que, segundo a imprensa, seria um militar a serviço dos Estados Unidos, o segundo caso deste tipo revelado em poucos dias.

"Os agentes da Polícia Federal revistaram em Berlim a residência e o escritório de um suspeito de espionagem. Não foi realizada qualquer detenção", anunciou o ministério público em um comunicado.

Segundo a imprensa alemã, o caso é considerado mais grave do que o de um agente duplo que trabalhou para a CIA e foi descoberto e preso na semana passada.

Um porta-voz do ministério da Defesa declarou à AFP que estão sendo realizadas investigações sobre as suspeitas de um segundo caso de espionagem, confirmando assim a notícia antecipada pelo jornal Süddeutsche Zeitung.

O jornal Die Welt afirmou que o segundo suposto espião, também a serviço da inteligência americana, seria um oficial do exército alemão.

Integrantes do governo alemão pediram no domingo passado aos Estados Unidos que respondam rapidamente sobre um suposto agente-duplo, que trabalharia para Washington.

Um alto funcionário dos serviços secretos alemães (BND) confirmou à imprensa que um de seus agentes, detido na quarta-feira, espionava para os Estados Unidos.

"Todos os indícios mostram que (o agente) trabalhou para os americanos", afirmou a fonte ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine am Sonntag (FAS).

O procurador-geral federal anunciou nesta quinta-feira a prisão de um alemão de 31 anos, suspeito de espionagem para um agência estrangeira. Não especificou, no entanto, de qual país era o serviço de inteligência.

O agente duplo trabalhava para os americanos desde o final de 2012, e teria roubado mais de 200 documentos, de acordo com o jornal de Frankfurt.

O homem estava encarregado de compilar documentos sobre o comitê parlamentar criado para investigar as escutas ilegais realizadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA), segundo a mesma fonte.

Ao ser interrogado sobre o caso durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira, o porta-voz do governo, Steffen Seibert, declarou que a chanceler Angela Merkel havia sido informada do fato na quinta.

"O governo alemão vai esperar os resultados da investigação. Não há dúvidas de que se trata de uma questão grave", assegurou.

As relações entre Washington e Berlim foram abaladas pelas revelações do ex-consultor de inteligência da NSA Edward Snowden sobre a rede de espionagem americana, que incluía até mesmo líderes estrangeiros, entre eles Merkel.

*Atualizada às 12h27 do dia 10/07/2014

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