Robert Mugabe, presidente do Zimbábue: militares tomaram o país (Philimon Bulawayo/File Photo/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de novembro de 2017 às 08h40.
Harare - A ala jovem da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), o partido do presidente do país, Robert Mugabe, exigiu neste domingo a renúncia do veterano líder, de 93 anos, e a expulsão da legenda da primeira-dama, Grace, segundo informou a emissora pública "ZBC".
Antes que os soldados detivessem seu líder, Kudzai Chipanga, a juventude da ZANU-PF foi um dos principais apoios das ambições de Grace Mugabe de suceder seu marido no poder, que desencadearam a intervenção militar de terça-feira após a destituição do vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
De fato, Chipanga, que assegurou que não permitiria "interferências militares" um dia antes do levante, embora tenha se desculpado publicamente quando os militares já controlavam o país de fato, é um dos seis membros que hoje a ala jovem decidiu expulsar.
A este respeito, o porta-voz da organização juvenil, Yeukai Simbanegavi, também reivindicou que sejam anuladas todas as expulsões efetuadas desde 2014.
Além disso, os jovens da ZANU-PF pediram a volta de Mnangagwa e sua restituição nos cargos de vice-presidente do país e de "número dois" do partido, e elogiaram a entrada em cena do exército para "erradicar os criminosos" do entorno de Mugabe, explicação à qual se aferram os militares para evitar falar de golpe de Estado.
Por último, a juventude do partido solicitou "medidas disciplinares severas" contra os ministros vinculados às ambições de poder de Grace Mugabe, entre os quais se encontram os titulares de Educação, de Finanças e de Governo Local, Desenvolvimento Rural e Habitação, detidos pelos militares nos últimos dias.
A ala jovem da ZANU-PF é a última organização a dar as costas a Mugabe - no poder desde 1980 - e à primeira-dama, unindo-se hoje aos comitês provinciais, aos veteranos de guerra e até mesmo a alguns ministros do atual governo.
Muitos deles participaram das passeatas e comícios realizados ontem em cidades importantes como a capital, Harare, na qual "não se registrou nem um só incidente violento", apesar das milhares de pessoas que participaram, segundo relatou o ativista Doug Coltart em sua conta no Twitter.
As concentrações continuarão ao longo do dia de hoje depois que o presidente da Aliança de Cidadãos Unidos, Joélson Mugari, convocou uma grande missa junto a líderes religiosos no centro de Harare.
Hoje acontecem duas reuniões-chave para o futuro de Mugabe: em uma delas o próprio presidente reúne-se pela segunda vez com os comandantes do exército para negociar sua saída, enquanto na outra o Comitê Central do seu partido discutirá sua destituição.