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Al-Qaeda ataca a economia, 'calcanhar de Aquiles' do Ocidente

Segundo a Fundação pela Defesa das Democracias, objetivo é "ferir para levar à falência"

Bin-Laden: entre os meios de enfraquecer a economia ocidental estão as guerras (Ho/AFP)
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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 09h46.

Paris - A economia ocidental é, há 15 anos, um alvo da Al-Qaeda, mas, desde a crise financeira de 2008, os partidários de Osama Bin Laden compreenderam que esta é muito mais vulnerável e intensificaram os ataques para arruinar os inimigos, afirmam analistas.

"É a estratégia de ferir para levar à falência", afirmou o americano Daveed Gartenstein-Ross, diretor do centro de estudos da radicalização terrorista na Fundação pela Defesa das Democracias, um centro de reflexão de Washington.

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"Bin Laden pensa sinceramente que participou na ruína da União Soviética no Afeganistão e seu objetivo é fazer o mesmo com os Estados Unidos", disse à AFP.

"E é um argumento: as guerras do Iraque e do Afeganistão são incrivelmente caras. Os gastos gerados por estes conflitos e pelas medidas de segurança internacionais são questões legítimas que precisamos expor".

Na capa do terceiro número da revista virtual "Inspire", redigida em inglês pela Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), os jihadistas citam uma cifra com destaque: 4.200 dólares.

Este é o orçamento do que eles chamam de "Operação Hemorragia", que consistiria no envio a partir de Sanaa de pacotes-bomba aos Estados Unidos, através de empresas de frete aéreo americanas. As bombas foram interceptadas, mas a onda expansiva econômica se propagou por todo o setor, que se viu obrigado a estudar novas e caras medidas de segurança.

"Desde o princípio, nosso objetivo era econômico", afirma a AQPA.

"Forçar o Ocidente a instalar dispositivos de segurança suficientemente eficazes para detectar nossos artefatos explosivos será uma carga pesada adicional nas economias já quebradas".


"Mudaram a estratégia nos últimos dois anos", explica Daveed Gartenstein-Ross.

"Os aspectos econômicos de suas ações eram importantes para eles antes, mas, desde a crise de 2008, centram mais em ataques de menor envergadura, sabendo que as repercussões econômicas jogarão a seu favor".

Pacotes-bomba, ações isoladas de homens-bomba, atentados mais ou menos bem organizados que geram pânico: tudo faz parte do que a AQPA chama de "estratégia dos mil ferimentos", que tem o objetivo de fazer o inimigo sangrar até a morte".

Pressionados pelos mísseis disparados pelos caças teleguiados americanos contra seus refúgios nas zonas tribais paquistanesas, sem possibilidade de deslocamento, os líderes da Al-Qaeda consideram os ataques contra a economia mundial uma forma de ameaçar, de existir e de permanecer no noticiário.

Analistas e policiais destacam ainda que tais operações podem ser executadas por grupos, partidários ou militantes com os quais os líderes da Al-Qaeda sequer estão em contato. Precisam apenas elogiar suas ações na internet, uma vez realizadas, mesmo em caso de fracasso.

Abdel Bari Atwan, editor do jornal Al-Quds Al-Arabi e autor de "História secreta da Al-Qaeda", é um dos poucos jornalistas que já entrevistou Osama Bin Laden várias vezes.

"Ele me disse que seu objetivo era atrair os americanos para as terras árabes e eles caíram na armadilha", disse à AFP.

"O custo da 'guerra contra o terrorismo' desde o 11 de setembro (de 2001) é de quatro ou cinco trilhões de dólares! É fenomenal, tanto como o dinheiro que destinaram para tirar os bancos da crise. A economia americana afundou em parte por culpa do custo destas guerras".

"Os ataques contra as companhias aéreas e o transporte aéreo não são novos: a Al-Qaeda sempre pensou nisso, para criar pânico e afetar a economia. Estão conseguindo", conclui.

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