A usina nuclear de Chernobyl: material vazado no Japão representa apenas 10% do acidente na Ucrânia (Ben Fairless/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h50.
Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou nesta terça-feira que não se pode comparar o acidente de Fukushima como o de Chernobyl porque são "totalmente diferentes", depois que as autoridades japonesas elevassem ao nível máximo a gravidade do acontecido na usina atômica japonesa danificada pelo terremoto e, posteriormente, tsunami.
"Nos avisaram que é pior do que pensavam", garantiu nesta terça em Viena Denis Flory, subdiretor de Segurança Nuclear da AIEA, em relação à decisão de elevar de 5 para 7 a classificação da gravidade do acidente.
Flory insistiu que já tinha conhecimento do vazamento radioativo na central de Fukushima, mas que até o momento desconhecia a quantidade de radiação liberada.
"O fato de que o acidente tenha sido situado como 5 (na escala de 7) significa só que, até agora, não tinha sido possível avaliar a abrangência do vazamento".
Flory negou que possa comparar a situação na central atômica japonesa com a explosão registrada na planta ucraniana de Chernobyl em abril de 1986, que provocou o acidente nuclear mais grave da história e o único, até Fukushima, classificado de importância 7.
"Os acidentes são totalmente diferentes. As mecânicas são completamente distintas. E vemos que os níveis de vazamento, como avaliaram os especialistas japoneses, são significativamente diferentes", indicou Flory.
O analista francês indicou que os reatores 1, 2 e 3 de Fukushima liberaram até o momento 7% da perda registrada na unidade 4 da usina de Chernobyl (as autoridades japonesas falaram de até 10%).
De qualquer maneira, reconheceu que a AIEA segue considerando que a situação em Fukushima é "muito grave", embora tenha garantido que há sinais de recuperação em algumas funções, como a provisão elétrica e os instrumentos.
Flory ressaltou que em 18 de março, quando Japão situou o caso de Fukushima no nível 5, ainda não era possível avaliar o impacto na população e no ambiente já que não havia sido concluído o trabalho de medição do material radioativo liberado.
Por isso, reconheceu que naquele momento as autoridades japonesas já tinham claro que teriam de modificar a classificação.