Mundo

AI pede que governo de Ortega acabe com "insensato massacre" na Nicarágua

País atravessa a crise sociopolítica mais sangrenta desde os anos 80, com Ortega também como presidente e que deixou mais de 350 mortos

Daniel Ortega: protestos contra governo começaram contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em movimento que pede a renúncia do presidente (Oswaldo Rivas/Reuters)

Daniel Ortega: protestos contra governo começaram contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em movimento que pede a renúncia do presidente (Oswaldo Rivas/Reuters)

E

EFE

Publicado em 18 de julho de 2018 às 19h39.

Manágua - A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quarta-feira ao governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que ponha "fim à repressão após três meses de insensato massacre" no contexto da crise sociopolítica que assola este país e que deixou mais de 350 mortos desde o último dia 18 de abril.

"Três meses depois do começo da repressão do Estado na Nicarágua, morreram cerca de 300 pessoas, a imensa maioria nas mãos da polícia ou de grupos parapoliciais", denunciou a diretora para Américas da AI, Erika Guevara, em uma declaração escrita enviada à Agência Efe.

"O presidente Ortega demonstrou várias vezes que não se deterá diante de nada para esmagar todas as pessoas que se atrevam a opor-se ao seu governo e os desafortunados que se interponham no caminho, incluindo menores de idade, estudantes, mães de vítimas e membros do clero", acrescentou.

Guevara destacou que nos últimos dias "se intensificaram a escala e a coordenação dos ataques generalizados contra a população civil, e foram enviados agressores com armas letais a cidades como Masaya, que se transformaram em símbolo da resistência ao impiedoso regime do presidente Ortega".

O governo da Nicarágua tomou na terça-feira passada o controle de Masaya por meio da denominada "Operação Limpeza", que consiste em uma ofensiva executada pelas chamadas "forças combinadas", integrada por policiais, parapoliciais e paramilitares, junto a trabalhadores do Estado, para remover bloqueios de caminhos e barricadas.

"As autoridades nicaraguenses devem frear imediatamente as forças de segurança do Estado e dissolver os grupos parapoliciais que atuam claramente com seu apoio", ressaltou a diretora para Américas da AI.

No último dia 9 de julho a AI denunciou a atuação conjunta de agentes com grupos parapoliciais para atacar a população nicaraguense em uma repressão que chegou a níveis deploráveis.

"Os grupos parapoliciais andam comodamente fortemente armados, acompanhados por corpos policiais, cometendo ataques de forma conjunta contra a população civil", criticou então Guevara.

A Nicarágua atravessa a crise sociopolítica mais sangrenta desde os anos 80, com Ortega também como presidente e que deixou mais de 350 mortos, segundo organismos humanitários.

Os protestos contra o governo começaram em 18 de abril contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso e corrupção em suas costas.

Acompanhe tudo sobre:MortesNicaráguaProtestos no mundo

Mais de Mundo

O destino incerto da Venezuela e seus impactos para o Brasil

Como irão funcionar as eleições presidenciais na Venezuela?

Incêndio florestal na Califórnia destruiu área maior do que a de Los Angeles

Blinken preocupado com 'ações provocativas' da China nas imediações de Taiwan

Mais na Exame