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Afeganistão pede ajuda ao Paquistão para diálogo com taleban

Presidente afegão pediu ajuda ao novo governo do Paquistão para o diálogo de paz com os talebans


	Presidente afegão, Hamid Karzai (e), com o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif: diálogo visa criar uma frente comum de luta contra o terrorismo
 (Mian Khursheed/Reuters)

Presidente afegão, Hamid Karzai (e), com o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif: diálogo visa criar uma frente comum de luta contra o terrorismo (Mian Khursheed/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 11h38.

Nova Deli - O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu ajuda ao novo governo do Paquistão nesta segunda-feira para o diálogo de paz com os talebans e para criar uma frente comum de luta contra o terrorismo que afeta os dois países.

Em sua primeira visita ao país vizinho desde que Nawaz Sharif assumiu como primeiro-ministro, Karzai deixou de lado sua habitual retórica crítica com o Paquistão e abriu as portas para uma melhora nas voláteis relações entre os dois países.

Karzai e Sharif se reuniram na capital paquistanesa e depois fizeram um pronunciamento para a imprensa com a mensagem comum que o "Afeganistão deve liderar" qualquer tentativa de diálogo com a insurgência taleban.

Segundo a emissora pública "Radio Pakistan", o presidente afegão disse que confia que Islamabad "facilitará o processo de paz e fornecerá uma plataforma para a reconciliação entre o Conselho de Paz e os talebans".

"Os dois países precisam promover uma campanha contra o terrorismo para a causa comum da paz e da estabilidade", argumentou Karzai.

O Conselho de Paz do Afeganistão é o organismo encarregado de conduzir o diálogo com os insurgentes, mas seu papel na resolução do conflito foi afetado pela morte de seu então chefe, o ex-presidente Burhanudin Rabbani, em um atentado em 2011.


Os Estados Unidos tentaram, por sua parte, conduzir as negociações com os talebans através do emirado do Catar, mas a tentativa não foi produtiva e as autoridades de Cabul a receberam com receio, pois consideraram que ficariam afastadas do processo de tomada de decisões.

Sharif ressaltou que o Paquistão oferecerá "um apoio contundente e sincero" para "a reconciliação no Afeganistão" e coincidiu com Karzai ao assegurar que "o processo tem que ser inclusivo e dirigido pelos afegãos".

"O Paquistão vai continuar facilitando o cumprimento desta meta para a comunidade internacional. Ela é essencial para uma mudança no rumo do conflito que envolveu a nossa região durante décadas", afirmou o líder paquistanês, segundo um comunicado de seu gabinete.

Os líderes não detalharam se chegaram a algum tipo de acordo para a libertação, por parte de Islamabad, de mais presos insurgentes, um pedido que, segundo fontes governamentais afegãs, seria feito por Karzai durante a sua visita.

No ano passado, o Paquistão libertou 26 detentos talebans para supostamente dar um sinal positivo para uma negociação.

No entanto, fontes do movimento taleban no Afeganistão asseguraram hoje, sob anonimato, que a libertação de presos talebans no Paquistão "não vai acrescentar nada para o processo de paz", apesar de ser "um bom passo".

"Inclusive, o mulá Baradar (antigo número dois) perdeu importância na atualidade. Está na prisão há muito tempo, por isso, se for libertado, será apenas mais um taleban", disseram as fontes, citadas pela agência afegã "AIP".


O Afeganistão acusou, diversas vezes, as forças de segurança paquistanesas de tolerarem e oferecerem proteção a algumas facções insurgentes que operam em território afegão, com a intenção de ter capacidade de decisão sobre o futuro do país depois da retirada da Otan em 2014.

Os talebans pertencem majoritariamente à etnia pashtun, que se espalha pelos dois lados da fronteira, enquanto os outros grupos étnicos do Afeganistão, que atualmente ocupam importantes cargos no poder, são abertamente anti-Paquistão.

O Paquistão negou que fornece apoio aos talebans, mas Karzai lembrou hoje que todo avanço no conjunto das relações bilaterais está ligado à resolução da "principal preocupação": "a falta de segurança e a constante ameaça de terrorismo".

Sem ser claro sobre a sua postura para o futuro político do Afeganistão, Sharif disse que a "prosperidade" de seu país "está vinculada" com a do país vizinho, e ressaltou que, no ano que vem, será "particularmente crucial para a região".

Karzai se reuniu também com o presidente em fim de mandato, Asif Ali Zardari, e voltará hoje mesmo a Cabul.

Antes dessa visita, os ministros das Finanças de ambos os países selaram ontem alguns acordos para projetos conjuntos de comunicação, energia e transporte ferroviário.

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