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Adolescentes curdos denunciam formas de tortura do EI

Menores curdos libertados pelo grupo jihadista detalharam como foram torturados durante o tempo em que ficaram em cativeiro

Bandeira do Estado Islâmico: jovens estavam sequestrados desde maio no norte da Síria (Jm Lopez/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2014 às 09h48.

Beirute - Os menores curdos libertados pelo grupo Estado Islâmico (EI), que estavam sequestrados desde maio no norte da Síria, detalharam como foram torturados durante o tempo em que ficaram em cativeiro, afirmou nesta segunda-feira a Organização Human Rights Watch (HRW).

A ONG conversou com quatro dos 153 adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, raptados pelos jihadistas e postos em liberdade nos últimos meses. O último grupo de reféns foi libertado no último dia 29.

Os jovens eram estudantes originais da população curda síria de Kobani, no norte do país, e voltavam para casa depois de fazer as provas de fim de curso na cidade de Aleppo, quando foram sequestrados pelo EI.

Os quatro adolescentes afirmaram a HRW que durante o sequestro foram agredidos diversas vezes nas mãos, nas costas e no pé com mangueiras e cabos elétricos, e que eram obrigados a ver vídeos de ataques do EI e de decapitações. Além disso, os terroristas puniam severamente os que tentavam fugir da escola em que estavam presos, na cidade de Manbech, na província de Aleppo.

Os adolescentes contaram que tinham aulas de religião e que os piores alunos eram castigados. Os que recebiam os piores tratamentos eram os parentes de membros do Partido da União Democrática (PYD), o braço político das Unidades de Proteção do Povo Curdo, uma milícia curdo síria que se transformou em um dos principais inimigos do EI.

Um dos reféns libertados, um menino de 15 anos, relatou ao HRW que os extremistas exigiam aos alunos ter o endereço dos familiares integrantes do PYD em Kobani para buscá-los e "cortá-los em pedaços".

Os quatro estudantes entrevistados por HRW detalharam que os sequestrados foram divididos em oito grupos, cada um em uma sala de aula do colégio de Manbech. Cada adolescente recebeu três cobertores - dois para dormir no chão e um para se cobrir.

Eles podiam tomar banho uma vez a cada duas semanas, mas recebiam alimentação diariamente. Os reféns tinham a permissão de brincar, mas esta foi retirada após a fuga de cinco deles.

Os menores destacaram que em raras ocasiões foram visitados pelos pais ou receberam ligações telefônicas deles. Nas vezes em que isso ocorreu, eles foram proibidos de falar no próprio idioma, o curdo.

Todos eram obrigados a rezar cinco vezes ao dia e a formação religiosa foi intensa.

Ainda segundo os jovens, os professores de religião eram árabes sírios, assim como nacionais da Jordânia, Líbia, Tunísia e Arábia Saudita. O grupo era obrigado a decorar trechos do Corão.

De acordo com os quatro meninos, a única explicação que receberam sobre a libertação foi de que "a formação religiosa tinha acabado". Antes de deixar o local, cada um recebeu dos extremistas 150 libras sírias (R$ 2,28) e um DVD com conteúdo religioso.

O HRW lembrou que estes não foram os únicos sequestrados em povoador próximos a Kobani, já que o EI permanece com mais civis sequestrados aparentemente como moeda de troca para obter a libertação de combatentes em poder dos milicianos curdos.

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Beirute - Os menores curdos libertados pelo grupo Estado Islâmico (EI), que estavam sequestrados desde maio no norte da Síria, detalharam como foram torturados durante o tempo em que ficaram em cativeiro, afirmou nesta segunda-feira a Organização Human Rights Watch (HRW).

A ONG conversou com quatro dos 153 adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, raptados pelos jihadistas e postos em liberdade nos últimos meses. O último grupo de reféns foi libertado no último dia 29.

Os jovens eram estudantes originais da população curda síria de Kobani, no norte do país, e voltavam para casa depois de fazer as provas de fim de curso na cidade de Aleppo, quando foram sequestrados pelo EI.

Os quatro adolescentes afirmaram a HRW que durante o sequestro foram agredidos diversas vezes nas mãos, nas costas e no pé com mangueiras e cabos elétricos, e que eram obrigados a ver vídeos de ataques do EI e de decapitações. Além disso, os terroristas puniam severamente os que tentavam fugir da escola em que estavam presos, na cidade de Manbech, na província de Aleppo.

Os adolescentes contaram que tinham aulas de religião e que os piores alunos eram castigados. Os que recebiam os piores tratamentos eram os parentes de membros do Partido da União Democrática (PYD), o braço político das Unidades de Proteção do Povo Curdo, uma milícia curdo síria que se transformou em um dos principais inimigos do EI.

Um dos reféns libertados, um menino de 15 anos, relatou ao HRW que os extremistas exigiam aos alunos ter o endereço dos familiares integrantes do PYD em Kobani para buscá-los e "cortá-los em pedaços".

Os quatro estudantes entrevistados por HRW detalharam que os sequestrados foram divididos em oito grupos, cada um em uma sala de aula do colégio de Manbech. Cada adolescente recebeu três cobertores - dois para dormir no chão e um para se cobrir.

Eles podiam tomar banho uma vez a cada duas semanas, mas recebiam alimentação diariamente. Os reféns tinham a permissão de brincar, mas esta foi retirada após a fuga de cinco deles.

Os menores destacaram que em raras ocasiões foram visitados pelos pais ou receberam ligações telefônicas deles. Nas vezes em que isso ocorreu, eles foram proibidos de falar no próprio idioma, o curdo.

Todos eram obrigados a rezar cinco vezes ao dia e a formação religiosa foi intensa.

Ainda segundo os jovens, os professores de religião eram árabes sírios, assim como nacionais da Jordânia, Líbia, Tunísia e Arábia Saudita. O grupo era obrigado a decorar trechos do Corão.

De acordo com os quatro meninos, a única explicação que receberam sobre a libertação foi de que "a formação religiosa tinha acabado". Antes de deixar o local, cada um recebeu dos extremistas 150 libras sírias (R$ 2,28) e um DVD com conteúdo religioso.

O HRW lembrou que estes não foram os únicos sequestrados em povoador próximos a Kobani, já que o EI permanece com mais civis sequestrados aparentemente como moeda de troca para obter a libertação de combatentes em poder dos milicianos curdos.

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