Mundo

Acusações homofóbicas marcam disputa na Venezuela

Segundo deputados, um importante assessor do ex-candidato Henrique Capriles estaria à frente de uma rede que explora gays e travestis

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, balança a bandeira do movimento gay durante a inauguração de um teleférico em uma favela de Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, balança a bandeira do movimento gay durante a inauguração de um teleférico em uma favela de Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 21h45.

Caracas - Insultos homofóbicos no Congresso e acusações envolvendo uma suposta rede de prostituição com gays e travestis marcam uma nova fase de disputas de baixo calão na polarizada política da Venezuela.

Após promessas do presidente Nicolás Maduro de combater a corrupção, deputados governistas exigiram nesta semana que membros da oposição sejam investigados por crimes como lavagem de dinheiro e tráfico de cocaína. Mas a suspeita que mais mobilizou a opinião pública foi a de que um importante assessor do ex-candidato presidencial Henrique Capriles estaria à frente de uma rede que explora gays e travestis dedicados à prostituição.

Os parlamentares tiveram acesso a fotos, aparentemente tiradas em festas, nas quais esse assessor aparece abraçando outros homens, sem nada de comprometedor.

"Descobrimos algo terrível (...), vocês só viram 1 por cento do que encontramos", disse Maduro na noite de quarta-feira. "Os vídeos e fotos das orgias são impublicáveis." O assessor em questão é Óscar López, chefe de gabinete de Capriles no governo do Estado Miranda.

López sumiu de vista na semana passada, quando foi expedido um mandado de prisão contra ele, e quando agentes apreenderam computadores, documentos e celulares na sua casa, em Caracas.

Seu advogado disse que o mandado dizia respeito a uma investigação sobre verbas eleitorais, e negou que López tenha se envolvido em qualquer irregularidade. O advogado não foi localizado para comentar as novas acusações.

A oposição denunciou a ação policial como sendo o início de uma nova onda de repressão, e disse que as acusações subsequentes - inclusive a que envolve prostituição - são falsas.

"Em nome do nosso governo (estadual) e de todos os nossos colegas de trabalho, prestamos todo apoio a Óscar López!", disse Capriles pelo Twitter na quarta-feira.

O próprio Capriles, um advogado solteiro que é o principal nome da oposição ao governo socialista, já havia sido alvo de insinuações sobre sua sexualidade quando foi candidato a presidente nas eleições deste ano, convocadas após a morte do líder esquerdista Hugo Chávez. Ele acusa os partidários de Maduro de terem fraudado a votação, cujo resultado se negou a reconhecer.

As novas acusações contra o assessor dele surgiram numa sessão parlamentar especialmente tensa, em que membros do partido governista PSUV lançaram sucessivas acusações contra seus rivais.

Um deputado governista, Pedro Carreño, foi à tribuna desafiar López, que estava ausente. "Responda, homossexual! Aceite o desafio, ‘maricón'!", gritou ele. "O que (os líderes da oposição) fazem com seus traseiros é problema deles, mas eles devem ser sérios." Diante da reação negativa do discurso, o deputado admitiu na quarta-feira que passou dos limites. "Fui excessivo em meu vocabulário, mas eu precisava colocá-los no seu devido lugar", justificou-se.

Maduro disse que a orientação sexual de López é irrelevante, mas que "promover uma rede de rapazes, de prostituição, de perversões gays e travestis (...) é realmente triste (...), é um crime".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaGaysLGBTNicolás MaduroPolíticaPolíticosPreconceitosVenezuela

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia