Acordo entre UE e Cuba avança na Eurocâmara após recuo dos EUA
A aproximação entre o país e o bloco foi estabelecida em dezembro do ano passado com um novo marco diplomático
AFP
Publicado em 20 de junho de 2017 às 08h57.
Última atualização em 20 de junho de 2017 às 09h01.
A Comissão de Assuntos Exteriores da Eurocâmara reafirmou nesta terça-feira a aproximação entre União Europeia e Cuba , estabelecida em dezembro com um novo marco diplomático, poucos dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter alterado a política de degelo do antecessor Barack Obama.
Por 57 votos a favor, nove contra e duas abstenções, os eurodeputados aprovaram o acordo com Cuba, cuja assinatura em 2016 encerrou o anterior marco de relações, a chamada Posição Comum de 1996 que vinculava a cooperação europeia a "avanços nos direitos humanos".
Antes de sua entrada em vigor provisória, à espera de um longo processo de ratificação pelos Parlamentos dos países europeus como já fizeram Estônia e Hungria, o plenário da Eurocâmara deve aprovar o texto. A votação está prevista para julho em Estrasburgo (França).
O processo de ratificação parlamentar acontece em um momento de tensão entre Washington e Havana, depois que Trump deixou sem efeito alguns aspectos da histórica aproximação anunciada no fim de 2014 pelo presidente cubano Raúl Castro e pelo então presidente americano Barack Obama.
Durante o anúncio da mudança em Miami na semana passada, o presidente americano chamou de "brutal" o regime cubano e exigiu a libertação dos "presos políticos".
"É melhor para os Estados Unidos ter liberdade em nossa região, tanto em Cuba como na Venezuela", disse.
O trâmite parlamentar na Europa também não ficou imune a momentos de tensão, com alguns grupos da Eurocâmara, especialmente liberais e conservadores, pressionando pela adoção de uma linguagem mais dura com Havana a respeito dos direitos humanos e das liberdades públicas.
Para facilitar o caminho, os parlamentares decidiram adotar uma resolução, que acompanhará o acordo mas não será parte do mesmo, com pedidos de compromissos específicos em termos de direitos humanos.