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A importante batalha de Kobani para conter o Estado Islâmico

A batalha que milícias curdas e jihadistas travam pelo controle da cidade de Kobani se transformou em uma das mais duras para conter o Estado Islâmico


	Combatentes curdos: jihadistas assediam a cidade síria de Kobani e seus arredores
 (Karim Sahib/AFP)

Combatentes curdos: jihadistas assediam a cidade síria de Kobani e seus arredores (Karim Sahib/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 13h53.

A batalha que as milícias curdas e os jihadistas travam há duas semanas pelo controle da cidade síria de Kobani, na fronteira com a Turquia, se transformou em uma das mais duras para conter a extensão do califado autoproclamado pelo Estado Islâmico (EI).

A estratégica cidade curda se transformou no eixo da ofensiva lançada pelo EI em 16 de setembro.

Com 45 mil habitantes de acordo com o censo de 2004, embora os deslocados pela guerra tenham multiplicado em até dez vezes a população local.

Desde então, os jihadistas assediam Kobani e seus arredores, de onde fugiram mais de 150 mil pessoas e cuja tomada permitiria ao EI unir amplos territórios conquistados em ambos os lados da região.

Apesar de estarem cercados por sul, leste e oeste, os combatentes das Unidades de Proteção do povo Curdo (YPG) na Síria mostram feroz resistência desde o norte, junto à fronteira turca, e nos últimos dias foram realizados bombardeios dos Estados Unidos e seus aliados.

Habitada por maioria curda, mas também por árabes, turcomanos e armênios, Kobani (também conhecida como Ain Arab) integrava a região de Aleppo com o regime sírio, embora desde 2012 esteja sob o controle do YPG, que estabeleceu uma autonomia curda.

A cidade, uma das mais importantes do Curdistão sírio, foi erguida sobre uma estação da linha férrea que o império alemão começou a construir em 1903 para unir Berlim e Bagdá, um ambicioso projeto que foi paralisado devido à I Guerra Mundial.

"Kobani é um nome alemão derivado da companhia ferroviária. Foi uma estação de trem construída em 1912. Em 1915, se tornou uma cidade com a chegada dos armênios que fugiam dos massacres e os curdos dos arredores começaram a se instalar aqui", explicou o líder político curdo Saleh Muslim em entrevista ao site "Al Monitor", em 2013.

Natural de Kobani, Muslim lembra que, ainda em sua infância, na cidade "havia três igrejas armênias, mas os armênios se foram nos anos 60".

Após estabelecer a fronteira com a Turquia, em 1921, uma parte da cidade foi incorporada ao distrito turco de Suruc, por isso muitas famílias possuem integrantes do outro lado da fronteira.

A disposição das ruas foi estabelecida durante o Mandato francês da Síria (1920-1943) e muitos edifícios construídos durante essa época ainda são utilizados pela população, formada por curdos (89%), árabes (5%), turcomanos (5%) e armênios (1%), segundo a associação pró-direitos humanos síria Etana.

O destino de Kobani, uma cidade histórica cheia de vestígios monumentais que datam da civilização assíria e da época dos aramaicos, pode marcar o futuro da luta contra o EI, que já tentou conquistá-la em outras ocasiões, como em julho, embora os curdos tenham conseguido controlá-la até agora.

A resistência curda transformou a cidade em uma espécie de "oásis" para os refugiados internos da guerra síria e a população chegou a um milhão de habitantes, incluindo a cidade, os 384 povos que a rodeiam e vários subdistritos, segundo a associação Etana.

Sua importância estratégica levou o EI a lançar um novo ataque, desta vez uma grande ofensiva, para conquistá-la com pleno conhecimento que os bombardeios da coalizão liderada pelos EUA na zona eram uma questão de dias.

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