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A importância da The Belt and Road Initiative para a América Latina

A recente transformação da China é uma das mudanças mais significativas na história econômica global. E há muito o que ganhar para a América Latina

Xi Jinping anuncia os planos globais da China: há um futuro brilhante para a The Belt and Road Initiative no mundo e na América Latina, escreve Daniel Lau (Nicolas Asfouri/Pool/Reuters)

Xi Jinping anuncia os planos globais da China: há um futuro brilhante para a The Belt and Road Initiative no mundo e na América Latina, escreve Daniel Lau (Nicolas Asfouri/Pool/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 22 de setembro de 2019 às 06h00.

A recente transformação da China é uma das mudanças mais significativas na história econômica global nos últimos 40 anos, e mais novidades vem por aí, com a iniciativa que vem obtendo destaque como tendência de investimentos na América Latina: The Belt and Road Initiative, ou BRI.

 

Em 2013, o Presidente Chinês Xi Jinping liderou a iniciativa que originou a criação do Cinturão Econômico da Rota da Seda e da Rota da Seda Marítima do Século XXI, também conhecido como Belt and Road (B&R) e, mais, recentemente, Belt and Road Initiative (BRI). Sob a liderança da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), o BRI começou a tomar forma, abrangendo diferentes países e regiões, com diferentes estágios de desenvolvimento, tradições, culturas, costumes e estilos de vida.

Atualmente, diversos países e organizações internacionais assinaram acordos de cooperação com o BRI, que possuiu uma estrutura na qual todos os participantes – baseados no princípio da busca de benefícios comuns – trocam pontos de vista sobre planos e políticas de desenvolvimento econômico, discutem e acordam planos e medidas de cooperação econômica.

Em janeiro de 2015, com a primeira reunião ministerial do China-Latin America Forum, a cooperação geral entre a China e a América Latina entrou na fase formal de operação.

Com o crescimento da força econômica chinesa, o país vem intensificando a parceria com a América Latina, fazendo com que o movimento seja considerado uma tendência irreversível para promover melhorias no desenvolvimento de projetos de infraestrutura na região.

No começo do BRI os países da América Latina não foram incluídos, mas em 2018 a China convidou algumas nações da América Latina a se unirem à iniciativa. Desde então, houve um avanço exponencial, como:

  • Panamá sendo o primeiro da região a ingressar no BRI. O país já tinha estabelecido laços comerciais com a China desde 2017. A nação panamenha também sediará a Cúpula CHINA-LAC de 2019, que ocorrerá em novembro deste ano. Trata-se de um dos mais importantes encontros para a relação entre China e América Latina.
  • Países como Antígua e Barbuda, Trinidad e Tobago e, recentemente, a Bolívia, unindo-se a BRI.
  • Participação do presidente do Chile, Sebastián Piñera, do segundo fórum da iniciativa em Pequim, ocorrido em abril de 2019. O líder chileno assinou recentemente o acordo com a BRI.
  • Peru preparando-se para assinar um memorando de entendimento para participar do Belt and Road Initiative.
  • Endosso da Argentina sobre "Princípios Orientadores para o Financiamento do BRI”.
  • Interesse de outros países da América Latina, que também estão considerando aderir à iniciativa.

A expansão entre os países latino-americanos confirma o desejo da China de incorporar, gradualmente, a região ao BRI.

Até o final de março de 2019, o Belt and Road Initiative já havia se espalhado para a Ásia, Europa, África, América Latina e Pacífico Sul. O governo chinês já assinou 173 acordos de cooperação com cerca de 100 países e 29 organizações internacionais. Alguns analistas calculam que a BRI já gastou aproximadamente US$ 200 bilhões em investimentos. A previsão de empresas internacionais é que os aportes e investimentos do BRI alcancem mais de US$ 1,2 trilhão nos próximos 10 anos, embora as estimativas totais possam sofrer variação.

Não há dúvida de que a conectividade de infraestrutura será aprimorada pela BRI, pois é uma das principais bases da iniciativa. É o que permitirá que todos os setores e indústrias de um país cresçam e tenham uma economia mais próspera. O déficit de infraestrutura tem sido um gargalo para o crescimento econômico em países em desenvolvimento; entretanto, para cada nação, é necessário um entendimento sobre a cultura, os desafios legais, econômicos, políticos e os riscos envolvidos.

O escopo de conectividade de infraestrutura inclui:

  • Ferrovias
  • Estradas
  • Portos
  • Transporte aéreo
  • Instalações de energia
  • Instalações de telecomunicações, mídia e tecnologia

A BRI tem potencial para se tornar uma das maiores plataformas de investimentos transnacionais. Por exemplo, imagine os benefícios do desenvolvimento de infraestruturas em países ricos em oportunidades, mas com capacidade deficiente? Novamente, é alta a necessidade de avaliar corretamente os riscos envolvidos e as ferramentas e seguros corretos para mitigar os riscos.

A integração financeira também é um importante pilar da Belt and Road Initiative. A exploração de modelos de investimento e financiamento, instituições financeiras multilaterais internacionais e bancos comerciais têm desempenhado um papel inovador na expansão dos canais de financiamento diversificado, fornecendo suporte estável, transparente e de qualidade para a BRI. A exploração desses modelos impulsionará, inclusive, capacidade industrial dos envolvidos.

Outros benefícios também envolvem intercâmbio cultural, impulsionamento em turismo, em saúde, esforços em desastres naturais, assistência e redução da pobreza, cooperação industrial entre outras áreas, diminuindo as atuais discrepâncias entre a China e os países que compõem o BRI.

Podemos vislumbrar um futuro brilhante da BRI no mundo e na América Latina. Como a iniciativa impactará fortemente os nossos próximos anos, é hora de pensar em aprender mandarim, conhecer a cultura chinesa e aumentar seu Guanxi e Mianzi, a tradicional etiqueta chinesa para negócios.

*Daniel Lau é head da China desk – LatAm da Willis Towers Watson

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