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A 'guerra dos sexos' que pode definir a eleição entre Kamala e Trump

Diferença de preferência entre homens e mulheres nas pesquisas é uma das maiores já registradas

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, durante comício em setembro (Jim Watson/AFP)

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, durante comício em setembro (Jim Watson/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 11h29.

Última atualização em 19 de outubro de 2024 às 11h38.

As pesquisas para as eleições americanas de 2024 trazem um dado curioso: a diferença na preferência entre homens e mulheres é uma das maiores já registradas.

Embora Donald Trump e Kamala Harris estejam praticamente empatados na média das pesquisas, entre os homens, o republicano tem 56% de preferência, ante 40% da democrata, uma diferença de 16 pontos percentuais. Os dados foram compilados pela NBC News.

Já entre as mulheres, ocorre o inverso: 41% preferem Trump e 55% apoaim Kamala, um distância de 14 pontos. Com isso, a soma das diferenças vai a 30 pontos percentuais.

A distância fica ainda maior quando se leva em conta o nivel educacional. Homens sem nível universitário dão 62% dos votos a Trump, segundo as pesquisas, e 34% para Kamala. Já entre os homens com ensino superior, a vice-presidente vence por 51% a 43%.

Entre as mulheres, a situação se repete. Das eleitoras sem diploma superior, 50% votam em Trump e 47% em Kamala. Já entre as graduadas, 67% preferem a democrata e 29% o republicano, uma diferença de 41 pontos na soma geral.

"A gente nunca teve uma diferença de gênero tão grande em uma eleição americana. Estamos em uma batalha de sexos que a gente nunca teve, mesmo quando Hillary Clinton foi candidata, em 2016, e usava uma narrativa mais feminista do que a Kamala está usando", disse Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, no programa O Caminho para a Casa Branca. Assista abaixo:

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"A Hillary fazia uma campanha dizendo que seria a primeira mulher a ser eleita presidente, e a Kamala raramente cita isso. Claro que outros abriram espaço para ela chegar e não precisar citar isso, como a própria Hillary", diz CIla Schulman, CEO do instituto Ideia.

Aborto como tema-chave

Um dos pontos que mexem com o eleitorado feminino é que esta é a primeira eleição presidencial após a Suprema Corte retirar o direito ao aborto, em 2022.

Esse direito era válido desde 1973 e, com a decisão da Corte, cada estado passou a poder fazer suas próprias regras. Alguns deles praticamente baniram o aborto, enquanto outros mantém o direito válido.

Kamala promete lutar para a retomada dos direitos reprodutivos, mas uma decisão para legalizar o aborto a nível federal depende do Congresso.

Do outro lado, Trump diz com orgulho ter ajudado a derrubar o direito ao aborto, por ter nomeado três juízes conservadores para a Suprema Corte, mas não defende um veto total. Ele disse ser a favor da prática em alguns casos, como risco de vida para a mãe, e defendeu que cada estado decida como preferir, sem que haja um veto federal, como alguns conservadores defendem.

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