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A cada 10 minutos morre 1 criança por doenças evitáveis no Iêmen

Atualmente, calcula-se que há 462 mil menores de idade com desnutrição aguda severa no país

Criança: segundo o Unicef, o número de crianças que sofrem de desnutrição aguda severa aumentou 200% (Brent Stirton/Reportage/Getty Images)

Criança: segundo o Unicef, o número de crianças que sofrem de desnutrição aguda severa aumentou 200% (Brent Stirton/Reportage/Getty Images)

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EFE

Publicado em 28 de março de 2017 às 11h18.

Última atualização em 28 de março de 2017 às 11h19.

Genebra - O Unicef calcula que uma criança morre a cada dez minutos no Iêmen por doenças que poderiam ser evitadas, e que o número de menores com desnutrição severa aguda cresceu 200% desde que começou a guerra civil no país há dois anos.

"O Unicef estima que uma criança morre a cada dez minutos de doenças evitáveis como a desnutrição, a diarreia, e as infecções respiratórias", disse em entrevista coletiva o porta-voz do Unicef, Christoph Boulierac.

"Elas morrem porque não têm o que comer e porque não têm acesso aos serviços médicos básicos, e como as crianças estão muito vulneráveis, uma pequena doença quase benigna os mata", acrescentou Boulierac.

Esta semana completam dois anos desde que uma coalizão de países árabes liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos Estados Unidos se opôs militarmente à rebelião huthi, que conta com o apoio do Irã, e que conseguiu derrubar do poder o presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi.

Desde então, segundo o Unicef, o número de crianças que sofrem de desnutrição aguda severa aumentou 200%.

Atualmente, calcula-se que há 462 mil menores de idade com desnutrição aguda severa no país, enquanto em 2014 eram 160 mil crianças.

Além disso, atualmente, uma de cada duas crianças com menos de cinco anos sofre retardo em seu desenvolvimento físico.

Segundo dados da ONU, 18 milhões de iemenitas necessitam de assistência sanitária e proteção.

"As famílias estão aplicando medidas de sobrevivência e os que mais sofrem são as crianças", disse Boulierac. Antes da guerra, metade das meninas do país se casavam antes de completarem 18 anos e, atualmente, dois terços das menores se casam antes de chegarem à idade adulta.

Além disso, o número de crianças recrutadas aumentou no ano passado para 1.580.

Nestes dois anos, foi documentada a morte de pelo menos 4.773 civis, enquanto outros 8.272 ficaram feridos, segundo cálculos da ONU, que admite que esses números são muito inferiores à realidade.

Segundo o Unicef, apenas no ano passado, 1.546 crianças morreram e 2.450 ficaram feridas.

Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) recolhidos dos diferentes centros sanitários do país - e que incluem tanto civis como militares - indicam que nestes 24 meses 7.719 pessoas morreram e 42.922 ficaram feridas.

Segundo a OMS, 14,56 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e ao saneamento básico, o que aumenta a possibilidade de infecção de doenças como a diarreia, a malária e a sarna.

Precisamente, Tariq Jasarevic, porta-voz da OMS, disse que no ano passado aumentaram consideravelmente os casos de malária e dengue no país, embora não tenha apresentado números.

Jasarevic indicou que, em 2016, ocorreram 28 mil casos suspeitos de dengue e 218 mil casos suspeitos de malária.

O risco destas doenças infecciosas se soma à epidemia de cólera existente no país.

Entre outubro de 2016 e 12 de março de 2017, o país registrou um total de 23.506 casos suspeitos de cólera e 108 mortes causadas pela doença.

Atualmente, mais da metade dos centros sanitários do Iêmen estão fechados, e os profissionais de saúde não recebem seus salários há seis meses.

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