Exame Logo

90% dos egípcios boicotaram eleições, diz Irmandade

Irmandade Muçulmana assegurou que as eleições presidenciais no Egito teriam sido boicotadas por 90% dos eleitores

Egípcia vota: resultados oficiais deverão sair entre domingo e segunda (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2014 às 09h36.

Cairo - A Irmandade Muçulmana assegurou nesta quinta-feira que as eleições presidenciais no Egito , realizadas nos últimos três dias, teriam sido boicotadas por 90% dos eleitores, embora os números não oficiais apresentados até agora tenham situado o índice de participação em 46%.

Após defender a abstenção por considerar esse pleito ilegítimo, a confraria assinalou que esse expressivo número de rejeição (90%) supõe "uma bofetada para o golpe militar e um sinal iminente da queda dos golpistas".

O vencedor das presidenciais - com base em resultados não oficiais - é o ex-chefe do Exército Abdul Fatah al Sisi, o homem que depôs o islamita Mohammed Mursi, dirigente da Irmandade, em julho do ano passado.

Sisi teria obtido entre 93% e 96% dos votos, dependendo da contagem dos votos nulos ou não, contra 3% de seu único rival, o esquerdista Hamdin Sabahi.

Neste aspecto, uma elevada participação do eleitorado se mostrava importante para legitimar um possível governo de Sisi, que, antes do pleito, esperava que 40 milhões de pessoas fossem às urnas, embora somente 25 milhões tenham comparecido.

"Com um boicote de 90% nessa sangrenta votação, o povo egípcio deu um duro e humilhante golpe nos autores do golpe de Estado ilegítimo e em seu roteiro", sublinhou a Irmandade Muçulmana.

Em nota, o grupo afirmou que "este é apenas o início do fim do golpe militar" e, por isso, agradeceu a "resistência e a firmeza do povo egípcio", em alusão ao boicote e aos protestos dos seguidores de Mursi nos últimos meses.

Segundo a organização, os golpistas "não têm legitimidade e nem popularidade", já que os egípcios rejeitaram suas "reivindicações e ameaças" para que votassem.

O comitê de campanha de Sisi anunciou hoje que o ex-chefe do Exército venceu as eleições presidenciais com 93% dos sufrágios, enquanto Sabahi teria obtido 2,9% - sem contar os votos nulos.

Um membro da Comissão Eleitoral, o juiz Tareq Shebl, disse ao jornal estatal "Al-Ahram" que cerca de 25 milhões de pessoas - das 54 milhões com direito a voto - foram às urnas.

Shebl também explicou que os resultados oficiais deverão ser anunciados entre o próximo domingo e a próxima segunda-feira.

São Paulo – Entre os países do mundo árabe, o Egito é o pior lugar para as mulheres viverem. Essa é a conclusão do um estudo da Thomson-Reuters, que analisou a atual situação após acontecimentos importantes recentes, como a Primavera Árabe . O assédio sexual, o aumento da violência e de grupos islamitas conservadores, que trouxeram leis discriminatórias para as mulheres, foram alguns dos fatores que colocaram o Egito na primeira colocação. O levantamento avaliou a análise de 336 especialistas em gênero em 22 países: 21 países da Liga Árabe e mais a Síria – que foi suspensa do grupo em 2011. As questões levantadas se basearam em um documento da ONU , a "Convenção para Eliminar Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres", que 19 países árabes assinaram ou ratificaram. Os especialistas analisaram os casos de violência contra mulher, os diretos de reprodução, o tratamento delas no núcleo familiar, sua integração com a sociedade e o trabalho nelas na economia e na política. Confira o ranking com os 22 países árabes, do pior para o melhor para as mulheres:
  • 2. 1. Egito

    2 /15(Getty Images)

  • Veja também

    Pontuação: 74.895 (quanto mais alta, pior) Situação das mulheres
    • 9 de 987 que concorreram nas eleições de 2012 conseguiram se eleger
    • 27,2 milhões de egípcias foram vítimas de mutilação genital
    • 99,3% já sofreu assédio sexual
    • 37% são analfabetas
  • 3. 2. Iraque

    3 /15(AHMAD AL-RUBAYE/AFP/Getty Images)

  • Pontuação: 73.070 Situação das mulheres:
    • 72,4% das mulheres nas áres rurais e 64,1% das mulheres nas áreas urbanas precisam pedir permissão aos seus maridos para irem a uma clínica de saúde
    • Iraquianas precisam de autorização de um homem para obter passaporte
    • Apenas 14,5% das iraquianas adultas têm um emprego
  • 4. 4. Síria

    4 /15(Anwar Amro/AFP)

    Pontuação: 72.390 Situação das mulheres:
    • Apenas 16% das mulheres trabalham
    • Mais de 4 mil casos de estupro e mutilação genital contra mulheres foram relatados ao Syrian Network for Human Rights
    • Mais de um milhão de mulheres sírias estão refugiadas
  • 5. 5. Iêmen

    5 /15(MOHAMMED HUWAIS/AFP/GettyImages)

    Pontuação: 71.862 Situação das mulheres:
    • 210 mães morrem a cada 100 mil nascimentos
    • 98,9% das mulheres já sofreram com assédio sexual na rua
    • 53% das meninas completam os estudos, enquanto a taxa entre os meninos é de 73%
  • 6. 6. Sudão

    6 /15(ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 71.686 Situação das mulheres:
    • A idade mínima para meninas casarem é de 10 anos
    • 730 mulheres morrem para cada 100 mil nascimentos
    • Por lei, mulheres podem ser presas por usarem vestido
  • 7. 7. Líbano

    7 /15(JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 66.931 Situação das mulheres:
    • Apenas em 2004 uma mulher conseguiu uma posição ministerial na política
    • Mulheres que fazem abortos ilegais (quando não correm risco de morte) podem ser presas por até sete anos
    • Uma lei permite que um estuprador evite a prisão caso ele se case com a vítima
  • 8. 8. Palestina

    8 /15(MAHMUD HAMS/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 66.629 Situação das mulheres:
    • Em Gaza, 51% das mulheres casadas já sofreram abuso doméstico
    • Apenas 17% das mulheres têm um emprego
    • O direito ao voto veio apenas em 1996
  • 9. 9. Somália

    9 /15(PHIL MOORE/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 65.856 Situação das mulheres:
    • Em 2012, 1700 mulheres foram estupradas em campos de refugiados
    • 1200 mulheres morrem a cada 100 mil nascimentos
    • Apenas 39% têm um emprego. Na região controlada pelo grupo radical islâmico Al Shabaab, elas são proibidas de trabalharem
  • 10. 11. Bahrein

    10 /15(MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 62.247 Situação das mulheres:
    • Mulheres só ganharam o direito ao voto em 2002
    • 30% já sofreu algum tipo de abuso doméstico
    • Apenas 40% trabalham
  • 11. 15. Marrocos

    11 /15(ABDELHAK SENNA/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 60.229 Situação das mulheres:
    • Mulheres são condenadas por se separarem de seus maridos
    • 56% das mulheres entre 15 e 49 anos são analfabetas
    • Nos três primeiros meses de 2008, 17 mil casos de abusos contra mulheres foram denunciados. Em 78,8% deles, o acusado era o próprio marido
  • 12. 18. Catar

    12 /15(KARIM JAAFAR/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 58.372 Situação das mulheres:
    • 550 casos de abusos domésticos foram relatados em 2012
    • Elas precisam de permissão de seus maridos para dirigir
    • 51,8% das mulheres trabalham
  • 13. 20. Kuwait

    13 /15(YASSER AL-ZAYYAT/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 58.119 Situação das mulheres:
    • Não há leis sobre abuso doméstico ou estupro cometido pelo próprio marido
    • Em 2005, elas ganharam o direito ao voto
    • Elas têm direito a dez semanas de licença quando têm filhos
  • 14. 22. Comores

    14 /15(BORIS HORVAT/AFP/Getty Image)

    Pontuação: 51.375 Situação das mulheres:
    • 20% dos ministérios são femininos, assim como 3% do parlamento
    • 50% já sofreu abuso sexual
    • 35% está no mercado de trabalho
  • 15. Agora conheça os melhores países do mundo para estrangeiros

    15 /15(Reprodução)

  • Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoEleiçõesIrmandade Muçulmana

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Mundo

    Mais na Exame